Olá!…

Comecei a ler o cérebro masculino em janeiro desse ano, quando meu namoro acabou e gostei muito, depois disso passei a visitá-lo com freqüência. Parabéns pelo trabalho de vocês!

Vamos a minha história… História longa e complicada… rsrsrs Bom o primeiro “erro” é que meu ex é meu colega de trabalho, entrei na empresa em que trabalho atualmente em abr/2009, nessa época tinha um namorado que há muito já não era um namorado de verdade, não morava mais na mesma cidade, não nos víamos com freqüência e acho que mantinha aquilo por certa comodidade, enfim, em mai/2009 terminamos, fiquei chateada, mas logo dei a volta por cima…

Enfim, quando entrei nessa empresa conheci o me atual ex e tivemos uma empatia muito grande, nos tornamos amigos e nos falávamos diariamente, tinha dia que eu chegava e ligava para ele para dar bom dia antes mesmo de começar a trabalhar, mas a principio era amizade mesmo, não queria nada mais, afinal tinha acabado de sair de um relacionamento de praticamente 3 anos, mas aí o povo da empresa começou a falar que formávamos um belo casal, que devíamos ficar juntos, essas coisas, fomos levando na brincadeira, mas acabamos ficando em set/2009 e desde então ficamos juntos. Todo mundo no trabalho dizia que ele era apaixonado por mim, que sempre foi muito mais apaixonado que eu, mas depois que começamos a nos relacionar fui me apaixonando e mostrando isso muito mais que ele, ele tem um jeitão reservado e não é muito de falar da vida dele ou de demonstrar sentimentos, enfim, nosso relacionamento estava muito bem, nos dávamos, na verdade, nos damos muito bem, somos amigos, parceiros, companheiros, de vez em quando rolava uma birrinha ou outra, mas o normal de um relacionamento.

Bom, aí recebemos uma notícia bomba, descobri que estava grávida em dezembro/2009, optamos por fazer um aborto, na verdade não chegamos nem a conversar a respeito da possibilidade de termos esse filho, não pensei nessa possibilidade em nenhum momento e ele também não, fiz o tal aborto em jan/2010 e 3 ou 4 dias depois terminamos,  fiquei arrasada, estava totalmente abalada psicologicamente e emocionalmente, afinal tinha feito algo que não tinha me agradado, apesar de eu ter enxergado como sendo o “melhor” naquele momento, independente do nosso termino, ele esteve do meu lado todas as vezes que fui ao médico tratar do assunto e tal. Passamos 1 mês e meio separados mais ou menos, até que ele pediu para voltar.

Quando voltamos parecia o mundo dos sonhos, fiquei na lua, tudo estava na mais perfeita ordem, ele estava mais carinhoso do que nunca, me disse que dentre os objetivos que ele tinha colocado para ele 2 anos antes, esse era o último a ser conquistado, o de ter uma namorada companheira e amiga como eu, foi tudo lindo por 1 mês mais ou menos, até que saímos e uma pessoa comentou o quanto ele estava mais carinhoso comigo, que ele devia ter percebido mesmo o quanto eu era importante e o quanto fiz falta na época que passamos afastados, foi o suficiente para ele ir mudando, ele foi ficando distante, deixando de demonstrar o que sentia, entendi como sendo para as pessoas não ficarem falando…

Depois disso começamos a ter briguinhas idiotas, acredito que pelo tempo de convivência que temos que é muito grande, trabalhamos juntos, passávamos o fim de semana todo juntos, enfim, passávamos muito tempo juntos, não tínhamos tempo para

sentir saudade, para mulher isso é ótimo, afinal de contas somos pessoas mais sensíveis, carinhosas e gostamos desse super contato, mas sei que para o homem a coisa não funciona assim e vocês começam a se sentir sufocados…

Enfim, no dia do primeiro jogo do Brasil ele terminou novamente comigo de uma forma totalmente estúpida e sem sentido, íamos sair mais cedo do trabalho para assistir o jogo, ele não gosta de futebol e eu gosto, liguei para ele por volta de 13h para perguntar se iríamos ver o jogo juntos, ele disse que sim, quando saímos do trabalho 14:30, mais

ou menos, no meio do caminho ele disse que estava pensando em me deixar em casa simplesmente porque não estava com vontade de ver o jogo e de estar comigo, pirei

com ele,  poxa aquela hora não tinha mais como eu ir para lugar nenhum, além disso falei com ele mais cedo e ele tinha combinado comigo, enfim, questionei porque tudo sempre tinha que ser conforme a vontade dele e ele rebateu “quer dizer que tudo é

conforme minha vontade?”, eu respondi que sim, ele então terminou comigo: “então a partir desse momento, eu tenho minha vontade e vc tem a sua, nosso relacionamento acaba aqui, não temos mais nada um com o outro!”.

Meu chão abriu, fiquei arrasada e estou até agora, depois disso tivemos uma conversa onde ele disse que gostava de mim, sentia minha falta, se sentia bem ao meu lado, mas que ele não ia deixar de fazer as coisas dele por causa disso, que ele estava se sentindo casado e que ele não era casado comigo, apenas namorava comigo. Depois disso tivemos uma nova conversa nos repetindo que se tornou a maior discussão porque eu disse que as ações dele não condiziam com o que ele dizia sobre gostar de mim ou eu ser importante para ele, quem gosta cuida, quer estar junto, ele então se irritou a ponto de me dizer “quer saber? Eu sou um canalha, cafajeste, com você só estava a pós graduação, quer saber a verdade? Eu estava lá no trabalho sem ter o que fazer, aí vi você e pensei…vou brincar um pouco com os sentimentos dela… aí fiquei com vc, te engravidei, fiz vc abortar, te dei um pé na bunda e achando que era pouco, resolvi voltar e brincar com vc mais um pouquinho para agora te dar um pé na bunda! Tá bom assim para vc!?”

Quando fui dizer que não tinha falado nada daquilo, ele simplesmente disse “não estou dizendo que você disse nada, eu estou dizendo que é isso que eu sou, não estou te ofendendo, estou ofendendo a mim mesmo!”. No dia seguinte fomos para o trabalho juntos, ele me dá carona, quando chegamos ao trabalho, antes de descer do carro peguei na mão dele e pedi desculpas pela briga do dia anterior e disse “amigos?”, ele apenas respondeu afirmativamente com a cabeça, isso aconteceu segunda-feira, depois disso não toquei no assunto, na quarta-feira, era véspera de feriado por aqui, quando ele me deixou em casa, pedi um beijo a ele e ele disse que não poderia me dar, aí perguntei se ele de fato não sentia mais nada por mim e ele disse que não sabia mais.

Não o procurei no feriado e quando foi quinta-feira de noite ele me ligou, imaginei que fosse para me perguntar se eu ia trabalhar na sexta, mas não estava a fim de atender ao telefone e não atendi, ele ligou duas vezes e mandou uma mensagem, não retornei e não respondi a mensagem, achei que ele fosse entender que simplesmente não iria trabalhar e pronto, mas ele apareceu na minha casa na sexta-feira, perguntando se eu não ia trabalhar e p da vida porque eu não tinha atendido o telefone ou respondido a mensagem dele, disse que não tinha visto e depois disso meu cel tinha acabado a bateria que achei que ele simplesmente entenderia que não ia trabalhar, ele disse esbravejando “poxa, eu te ligo, vc na atende, mando mensagem, vc não responde, achei que tinha acontecido alguma coisa, e quando chego aqui, vejo que não aconteceu nada, dei a maior volta para chegar aqui, gastei tempo e gasolina e ainda to atrasado pro trabalho!”, enfim, falei apenas “não vi o celular tocar e depois acabou a bateria, quer que eu pague a gasolina que gastou? Desculpa pelo trabalho, mas não precisa de tanta raiva!”, aí ele disse que não estava com raiva e foi embora p da vida….

Hoje é sábado e não nos falamos mais, na verdade nos falamos no msn na tarde da sexta, quando ele veio me perguntar sobre um celular meu que está na mão dele para ele vender, mas ele foi extremamente formal. Agora, o que quero saber depois de contar tudo isso? Quero entender o que se passa pela cabeça dele, se ele sente alguma coisa por mim. Acredite ainda o quero de volta, sou apaixonada por ele… Como devo agir para voltarmos? Obrigada!

Olá F,

Estar junto é algo que realmente envolve um exercício de conhecimento, mas de conhecimento ainda maior de nós mesmos. Digo isso porque dentro de uma relação pude aprender que podem surgir vários mal estares e que eles não necessariamente ocorrem por causa de quem está ao nosso lado, mas talvez porque essa pessoa que está do nosso lado, mesmo sem saber, pode acabar mostrando o quanto é importante cuidar de nós mesmos e das coisas que ficaram mal resolvidas dentro da gente.

Na história de vocês, percebo que existe sim um afinidade, houve mesmo um querer bem, mas parece que no meio desse caminho alguma coisa não muito boa começou a incomodar ao ponto dele dar uma “estourada” vamos dizer assim. Isso acabou ferindo e abalando a relação. Talvez isso tenha acontecido ao longo de um processo, mas a questão é, o que será que hoje realmente incomoda vocês na relação ao ponto dela ter ficado do jeito que está?

A partir disso cabe formular hipóteses de puxar, pouco a pouco de onde vem tudo isso desde que vocês estão juntos. A gravidez foi apenas citada como um momento difícil que passou, mas será realmente que houve um tempo para vocês elaborarem, conversarem e sentirem o que foi esse fato nas suas vidas? Ficou tudo realmente bem resolvido?

Não entrarei na questão do aborto porque não é esse o ponto da questão. Vocês fizeram essa escolha (errada ou não) e o que tem que se prestar atenção são os efeitos que isso pode ter provocado na vida a dois.

Além disso, estar com alguém praticamente todo o tempo e ainda mais por envolver trabalho acho meio complicado. Complicado no sentido que vocês tem que ter muito bem claro qual é o espaço de cada um e o quanto que é importante que vocês tenham um tempo para cuidar de si mesmo que é saudável e dá fôlego para lidar com o que vier dentro da relação.  E ele chama muito bem atenção para essa questão quando se queixa de que “a partir desse momento, eu tenho minha vontade e vc tem a sua”, mas vejo que o que muitos casais tem dificuldade em fazer é ter suas próprias vontades quando se envolvem, amam ou se apaixonam. Essa conversa de que “agora somos somente um” é uma armadilha, é claro que em determinados momentos há de se ter a sensação de que são uma pessoa só pela sintonia e amor, mas na verdade são duas.

Até mais!!

Márcio Oliveira

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