Amor, paixão ou obsessão?

Há quase três anos conheci um cara que parecia ser o homem da minha vida. Conheci-o perto de um barzinho que havia inaugurado perto da minha casa. Fui nesse bar para conhecer o lugar e acabei conhecendo esse cara. Foi tudo muito rápido nos conhecemos num sábado e ficamos, ficamos no domingo e na sexta feira seguinte ele já veio em casa, conheceu meu s pais e engatamos um namoro. Era tudo uma maravilha, parecíamos um casal perfeito, nossos amigos nos diziam isso e era muito claro. Vivi o paraíso e o inferno, porque ele é vocalista de um grupo de pagode e eu aguentei muita coisa por causa disso, tive que suportar as mulheres dando em cima na minha cara, aguentar a empresária dele na época que me dizia que era o trabalho dele dar atenção às fãs e, além disso, um filho e uma ex mulher. Resumindo, depois de quatro meses descobri que ele era casado de verdade e que não era um cara separado como ele havia me dito.

Quando nos conhecemos ele havia dito que estava separado há seis meses e que tinha um filho. Disse que era separado de corpos e não legalmente. Como na mesma época meu irmão e minha melhor amiga estavam na mesma situação não me importei e confesso que minha paixão cegueira não me deixou ver tb. Assim que descobri terminei tudo pelo Orkut mesmo, mandei um texto enorme chamando-o de filho da p. para baixo e ele não respondeu, o que me deixou ainda pior porque no fundo queria que ele tivesse dito alguma coisa, qualquer coisa, mas que tivesse respondido. Depois de muito tempo ele reapareceu me pedindo perdão, tentando se explicar, mas já era tarde. Chegamos a nos encontrar, mas não rolou nada embora ele tenha tentado. Só não rolou nada porque eu estava em outro relacionamento e mesmo ainda gostando desse ex, eu respeito as pessoas que me envolvo. Sempre que nos falamos é por msn, e-mail e ele sempre faz questão de dizer que eu sou uma pessoa muito especial, que sou diferente das outras, que quer sempre estar ao meu lado, saber se estou bem. Enfim, isso sempre me abala porque ele nunca me diz que me ama, gosta ou coisa assim, são sempre essas palavras e mais nada além disso.

Agora ele apareceu de novo e veio com um papo que está divorciado. Saímos, ficamos e foi legal. Atualmente estou fazendo terapia para tentar esquecê-lo, mas estou quase desistindo porque ela só fica me olhando e não me aponta uma solução. Da última vez que saí com ele falei estava decidida a dizer pra ele que gosto dele só que não quero mais ficar com ele, mas na hora pareci uma criança, gaguejei e só consegui dizer que quando nos relacionamos gostei muito dele e que agora eu estava com medo de sentir aquilo tudo de novo e ele só me respondeu: depois falamos sobre isso.

O que eu faço? Já tentei tirar do msn, apagar telefone mas não resolve porque sempre vou atrás e adiciono tudo de novo. Sem contar que não quero mais fugir, quero poder falar com ele e sentir que não sinto mais nada. Os relacionamentos que entrei depois dele eram quase iguais, homens enrolados, mentirosos. Enfim, estou perdida, não aguento mais esse sentimento que nem sei definir o que é… Ajude- me, por favor!!!!

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Cara C.,

Quando algo na nossa vida se repete, algo que nos constitui como sujeito e compõe nossa pratica na vida ao ponto de influenciar nossas escolhas, é melhor observar bem e talvez até tomar cuidado, pois é nesse ponto em que podemos nos boicotar, fazendo escolhas que nos fazem sofrer ao invés de nos proporcionar prazer e felicidade. É claro que ninguém faz isso de propósito consigo mesmo, na verdade pode até fazer, mas não se trata de um processo consciente vamos dizer assim.

Ao procurar uma terapia, temos que ter em mente que ali é criado um espaço onde possamos depositar, colocar, jogar, vomitar nossas dúvidas, angústias, medos, incômodos, frustrações, elementos de nossas vidas diárias, histórias, sensações, emoções, cores, formas, cheiros, texturas… a terapia é um convite a mostrarmos quem somos, um convite a tirarmos o véu da moral, das máscaras de personalidade que as vezes vestimos por “n” motivos. Sendo assim, esse espaço se torna um espaço que, diante de tanta informação, algo vai se construindo, um conhecimento sobre si mesma e sua história, o percurso pelo qual você se faz sujeito hoje. É importante pensarmos nisso como forma de desmistificar um pouco o que as pessoas pensam sobre terapia. Você até pode buscar respostas nela, porém, ela vem como um mecanismo de auxílio nessa busca e não como solução definitiva. Depositar a resposta para as coisas da sua vida na terapia e no terapeuta é jogar a responsabilidade da sua felicidade ou desgraça nas mãos de um terceiro e não são bem assim os propósitos da psicologia dentro de um espaço terapêutico.

Buscar qualquer coisa para esquecer alguém é pura perda de tempo. As pessoas atravessam nossa história e essa lembrança fica, a questão é saber como lidar com isso, nisso sim a psicologia pode auxiliar,  nesse processo de construção de uma possível compreensão de tudo que se passa em sua vida, mas é um trabalho em conjunto. É claro que algumas abordagens possuem um enfoque mais pontual  e trabalham com algo mais concreto, como modelagem de comportamento ou elementos relacionados ao corpo, por isso, pode ser que diante de determinada problemática, seria mais interessante uma abordagem e não outra, mas isso é algo que precisa ser analisado. Agora, você mesma disse que se envolve com homens enrolados e mentirosos, talvez esse fato esteja lhe mostrando algo que precisa ser trabalhado em você, por que será que suas escolhas amorosas tem caminhado para relacionamentos onde há a mentira e histórias mal contadas? O que isso quer dizer a respeito da sua vida? São itens para reflexão e que talvez possam definir o real sentimento que você tem e que eu não diria que é paixão, amor e nem obsessão.

Com relação ao seu relacionamento, você tomou conhecimento da condição de vida dele e com isso me parece que agora as coisas estão bem claras, mas o que fazer com isso? Sabendo da situação dele atual, o que você realmente quer para a sua vida? Perceba e reflita sobre o peso de tudo isso e das possíveis escolhas. Se ficar com ele, saberá que há uma ex esposa, que há o filho, o pagode e ele como é. Se não ficar talvez você fique triste um tempo, a vida vai passando, você encontra uma pessoa “legal” e no final das contas a história acaba se repetindo porque na verdade é importante que você cuide, primeiramente de você, e que a felicidade e um bom encontro, possa ser consequência de todo esse processo.

Até mais!!

Márcio Oliveira

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MeuBlog: As Palavras

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Psicólogo, consultor de relacionamentos e quase Mestre pela USP-SP. Meio NERD, completo romântico, mas não abre mão de um intenso beijo na boca e um alinhamento entre coração, corpo e mente.

3 comentários No Amor, paixão ou obsessão?

  • Márcio, você está de parabéns! Resposta muito bem colocada!
    Penso que as muitas das vezes o problema de relacioamento é nosso devido nossas escolhas sempre serem voltadas à um tipo específico de homem.
    Precisamos cuidar primeiro de nós, analisar com ajuda de terapia o por quê dessas escolhas serem sempre as mesmas…
    Esta história me fez pensar muito em mim e nas minhas escolhas!

    Bju!

  • Arrasou Marcio!
    Muito bom…;)

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