Ola Dr. Neurônio,

Mais uma vez venho lhe pedir ajuda para tentar compreender um pouco o que se passa por uma mente masculina, que nunca vi mais complexa.

Há algum tempo, quando ainda fazia ensino fundamental (hoje já estou terminando a universidade), costumava paquerar com um menino que ia ao meu colégio, ele não estudava lá, apenas sua namorada a quem ia visitá-la. Não o conhecia, nem a namorada, por isso nunca troquei uma palavra com ele, mas paquerava-o por achá-lo bastante interessante.

Depois que saí do colégio, raras foram às vezes que o vi, e na maioria destas ele estava ainda com a mesma namorada. Motivo pelo qual acreditava eu estarem juntos até hoje.

Aconteceu que, dias desses, descobri que no mesmo horário em que ia me exercitar na orla de minha cidade esse rapaz também ia, e, claro, voltei a paquerá-lo. Só que diferente do que ocorria antigamente, ele de início percebeu e começou a me corresponder. Inclusive teve um dia em que não o vi na orla, mas passou um carro por mim e achei tê-lo visto dentro. Depois de alguns metros o vi de novo, desta vez, sentado na calçada sorrindo para mim. Não dei muito cabimento, porque achei que estava era ficando doida e vendo ele em todo canto. No outro dia, o mesmo carro ficou me acompanhando enquanto me exercitava patinando, só que dessa vez não olhei para ver quem era, me acompanhou por um tempo e foi embora.

Tudo isso aconteceu em uma mesma semana e quando foi no final dela, na sexta e no sábado, encontrei-o novamente, em um festival que estava tendo em minha cidade. Em um dos dias ele estava acompanhado (não da antiga namorada, o que já me deixou feliz, pois mesmo que também fosse namoro não seria tão sério), mas assim que me viu parou de beijá-la e ficou sorrindo para mim. No outro dia só passei por ele já quando estava indo embora, e pelo menos na hora ele estava sozinho.

Enfim, depois de ter me visto no festival, por ter provavelmente comprovado que eu estava solteira e por ter correspondido mais aos olhares dele, no outro dia ele veio me conhecer na orla. Falou que tinha ficado muito surpreso em encontrar “a menina dos patins” no festival; que quando não tinha tempo de ir à orla, por chegar muito tarde do trabalho, passava lá de carro para me ver patinando, ou seja, demonstrou-se bastante interessado. Pegou meu telefone e dois dias depois me ligou chamando para jantar com ele. Saímos, mas não ficamos apenas conversamos.

Até então tinha achado bom, achando (ingenuamente) que ele tava querendo me conhecer mesmo, porque se queria apenas me pegar teria feito isto no primeiro momento. Só que de lá para cá nunca mais me ligou, até liguei para ele, mas ele não atendeu e quando me vê apenas me cumprimenta.

No tempo fiquei triste, até porque não sou de estar saindo para farra, pegando todo mundo. Para eu querer ficar com alguém, tem que existir algum interesse prévio de minha parte, o que era realmente o caso. Fiquei achando ter sido culpa minha, por algum modo como agi ou me portei, não sei. Mas depois achei que não fosse, afinal ele já tinha tido um contato comigo na praia e se não tivesse gostado não teria nem me chamado para sair, não é verdade?

O que eu sei é que agora já relevei, nem me interessa mais o fato de ele não me querer mais e por que. Só me resta a curiosidade de saber o que pode levar uma pessoa a se mostrar tão interessado e ao mesmo tempo se desinteressar tão instantaneamente de outra, para que, caso o erro tenho sido meu, eu não repita-o nas próximas.

Se o Dr. puder me ajudar ficarei muito agradecida. Um beijo, M.R.

Olá M.R.

Obrigada pelo envio da dúvida.

Bem, ele claramente perdeu o interesse. O “por que” realmente não importa, mas “o que”. E isso você já sabe. Mas muitas coisas podem levar um homem a perder o interesse. Grande parte delas é pelo modo que a garota age ou coisas que fala.

Ele realmente estava interessado, mas depois do jantar, mudou de opinião. Então, com certeza foi algo que ele ficou sabendo lá. Seja alguma informação pessoal, modo que você fala, age, sente ou qualquer outra coisa. Mas sinceramente, se não deu é porque não era pra ser, então não se importe com isso, não fique pensando de quem foi a culpa, ou se errou. Isso não importa. Se ele não gostou de algo seu  tão intensamente, de modo a não atender mais o telefone, nunca dariam certo juntos.

Às vezes a coisas mais simples é realmente o que deve ser feita.

Beijos,

Alexandre Chollet

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