“Nascemos e morremos e no espaço entre uma coisa e outra, estudamos, trabalhamos, casamos, temos filhos praticamos exercícios, amadurecemos… Ninguém escapa desse script! Quando eu pinto meus quadros, não penso em ser uma celebridade, minha pintura é para dar contorno no que está em mim… Essa sou eu, me chamo Mercedez!”.

Mercedez em minha opinião é uma mulher comum, que podemos encontrar – e encontramos – em qualquer lugar que vamos. Quando ela vai para o analista, acaba percebendo que a vida normal que vive, é apenas uma aparência, pois dentro de si um existe um turbilhão de coisas – situações – a serem resolvidas. Uma pessoa que a todo instante, quer dar um passo há mais. Diante de um casamento monótono, Mercedez se mostra uma mulher que apesar de qualquer coisa, ainda acredita na vida e resolve ir à busca de seus sonhos e ideais, mudando, ou seja, dando o primeiro passo.

Ao começar a análise ela pergunta: “Eu começo, ou você que começa? Sou eu que começo!” Não entendendo o porquê de seu Psicanalista Lopes, sempre perguntar de sua mãe – a verdade é que todo o seu sofrimento tem um fundo emocional! Ao falar sobre sua separação com Lopes ela diz: “(…) só não estamos mais juntos (…). Depois se deitou no “divã” e disse: só me acorde, quando acabar a sessão!”.

Encantada com um suposto “namoradinho”, ela vai ao salão com sua amiga Mônica e diz: “Repica Rene, repica! (…) Repica mais, repica mais”. Ao ouvir uma mensagem desse mesmo “namoradinho” em sua caixa postal ela diz: “Odeio intuição feminina; a minha nunca me deu uma notícia boa!”. Ao se encontrar com ele, aquela gostosa e divertida aventura: acaba!

Na filmagem de seu casamento, ao ser perguntado sobre o que esperava do futuro Gustavo seu ex-marido disse: Espero um futuro sem sustos!”Quando Mônica encontra e diz para o Gustavo que não o perdoa pelo fim do casamento, ele diz: “Que nada (…) só estamos tentando transformar uma vida chata, em duas divertidas!”

Ao comprar roupas com uma amiga em comum, a mesma diz que perdeu 55 quilos de gordura inútil de uma só vez. Ela e Mônica perguntam: “Como?” Ela diz: “Pedi o divórcio!” Na beira da piscina, Mônica diz que diz que depois dos 40 tudo cai, só o que sobe, é a gengiva!”

Na night pela primeira vez numa boate, toda empolgada já com um novo “namoradinho” ela usa de gírias tipo: “To na vibe… To na vibe, seqüelar geral, queijão, irado!”

Mônica diz para Mercedez passar um creme rejuvenescedor em seu rosto, e Mercedez começa a sentir uma quentura em seu rosto; as duas descobrem que o creme é para tratamento de furúnculo! Rsrs… Mercedez chega correndo ao hospital que Mônica está internada. Numa pequena conversa num tom de despedida Mônica pede para Mercedez pegar sua nécessaire, pois está se achando feia e quer ser maquiada. Quando Mercedez começa a maquiar Mônica, a mesma morre. Mônica tinha câncer, agora a melhor amiga de Mercedes faleceu, e ela tristérrima, sai do hospital em direção a seu carro, desnorteada.

Um almoço com o ex Gustavo nada mal, ao ver uma foto, Mercedez diz: “Olha você de cabelo preto ainda! (…) Sabe Gustavo, aquele casal que agente foi, nunca vai deixar de existir! (…) Parece que eu peguei um vestido muito especial tipo Armani, e emprestei para uma amiga e ficou muito mais bonito nela. Ela usou, sujou e lavou e o vestido continua mais bonito nela! Qual quer dia, eu peg

o ele de volta!”

“Não pense que a ausência de palavras me faz triste, eu prefiro a frieza do silêncio ao doce veneno das falsas frases… Como seria bom se pudéssemos colocar a dor em um envelope devolvê-la ao remetente! Não estou disposta a inventar dilemas que não existem, mas quero reencontrar aqueles que existem e foram abafados por minha vida correta. Ser feliz para sempre é aceitar com resignação católica o pão nosso de cada dia, sentir-me imune a todas as tentações, então é deste paraíso que quero fugir. Uma vida sem sustos – é o que desejo para mim! Não estou dizendo uma vida sem decepções, frustrações ou êxtases: sem sustos apenas. Quero aceitar a potência dos meus sentimentos, e não ficar embaraçada diante de reações incomuns. Poder receber uma ventania de pé, mesmo que ela me desloque de onde eu estava – de pé, mesmo com medo. Não mais, em posição fetal!

Agente procura um analista, em busca da definição mais não há definição… De resto à vida continua… meus filhos continuam me dando trabalho… Mel Gibson? Continua firme e forte na minha imaginação. Obrigada Lopes, por tudo! Tá rindo? É sinal que a minha vida tem graça. Porque agora eu sei… Se eu tive problema um dia… Não foi por falta de felicidade. Não foi mesmo! Lopes, que bom que você veio! Você fuma? Quem diria… e bebe também? Essa é quem, sua namorada? Muito prazer! Você t…. também? Ai, que bom que você existe!”

“É, mas tenho ainda muita coisa pra arrumar, promessas que me fiz e que ainda não cumpri; Palavras me aguardam o tempo exato pra falar, coisas minhas, talvez você nem me queria ouvir; Já sei olhar um rio por onde a vida passa; Sem me precipitar e nem perder a hora; Escuto um silêncio que há em mim e basta; Outro tempo começou pra mim agora; Vou deixar a rua me levar, ver a cidade se acender a lua vai banhar esse lugar, e eu vou lembrar você…” Ana Carolina

 

Thiago Torre Forte

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