Essa tal felicidade.

Oi! tenho trinta anos, um casamento de 3 anos após um namoro de 7 anos. Ambos
temos uma vida cheia de trabalho. Desde há 5 meses que meu marido deixou de me
ligar, foi-se afastando inclusivamente sexualmente. Encarei isso como stress por uma fase difícil que estava a passar devido a um exame que tinha que fazer.

Sem querer, nesta fase engravidei e quando lhe contei ficou zangado pela minha irresponsabilidade porque não era fase de termos filhos, porque não tínhamos falado sobre isso, por “a nossa vida era uma merda”, “porque estávamos sempre a trabalhar e quem os ia educar?”. Pergunte a ele se havia razão para esta reação, se havia outra pessoa e a resposta foi prontamente negativa, sempre a falta de tempo. Economicamente não temos problemas.

Infelizmente quando fui fazer a ecografia das 12 semanas ele se recusou a ir comigo porque tinha de trabalhar – descobri nessa altura que tinha abortado. A eco era as 11h e ele não me ligou até as 16h horas para saber o resultado. Chorei desalmadamente porque queira muito a criança. Quando cheguei a casa acabei por lhe dizer que ele estava contente com a situação e talvez por isso ele não me apoiou nem um pouco, não me deu nem carinho nem palavra de consolo. Fui internada 2 dias e ele só falava o básico mesmo.

Quando cheguei a casa acabei por esperar que tomasse banho e fui buscar o telefone e encontrei uma mensagem para uma colega de trabalho (muito atirada por sinal) dizendo que a queria muito beijar… Há meses que não me diz isso a mim.

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Brigamos. Ele diz que ela é só amiga que com o tempo se foram interessando um pelo outro e que começaram a mandar mensagens de flerte. Ela diz a mesma coisa. Vários dias ele janta fora e dorme fora sem mim por causa do trabalho. Nunca imaginei que me fosse trair! Fiquei muito magoada, mais ainda porque pedi para ele mudar de local e trabalho e ele não o fez e mantém a amizade com essa pessoa apesar de dizer querer manter o casamento comigo.

Tínhamos férias marcadas com uns amigos do serviço dele; pedi para alterar porque queria umas férias a 2 e ele manteve a sua escolha porque já se tinha comprometido e que estarmos só os 2 seria ainda pior com os recentes acontecimentos. O que devo fazer? Como posso pedir para provar que me ama? Será uma crise apenas ou um fim irremediável?]

 



Olá C.

Muito obrigado pela sua participação em nosso site. Sabe, diante e histórias como essa eu fico realmente pensando: “Qual é realmente o propósito da vida, mais particularmente falando, dos relacionamentos? O que realmente está em jogo?”

E por muitas vezes percebo que uma das coisas mais importantes, não importando a condição de cada um é o simples ato sincero, aberto e honesto de amar. Não quero ser clichê, mas parece que o amor é, as vezes, esquecido e é nesse ponto que fazemos nossas vidas se fecharem, a rotina nos consumir, o dia a dia maçante e degastante parece que gruda em nós e ficamos cegos, não enxergando quem está do nosso lado, quem escolhemos que estivesse do nosso lado por conta de um sentimento, um afeto, um carinho e por que não por amor?
Tem uma musica do Tim Maia que diz:

“Já rodei todo esse mundo procurando encontrar
Um amor, um bem profundo que eu pudesse realizar …”

E em outro trecho:

“Se essa vida é bonita, ela é feita pra sonhar
Mais aumento o meu desejo de afinal te encontrar
Mas o que eu não me acostumo é com a solidão
Um pedaço do seu beijo ou seu coração
Isso já me fortalece me faz delirar”

Ela fala justamente disso, dessa coisa do amor que buscamos e ao buscar não desistimos porque há um desejo. Triste é ver que, as vezes, as pessoas sucumbem ao “acostumar-se” com as coisas e o mundo e param de buscar, ou se acham que encontraram, param de compartilhar, de viver como se fossem pequenos zumbis ligados no automatismo da produção capitalista.

Dinheiro é importante? Claro, sem dúvida. Mas somente terá valor como algo agregado à uma estrutura de vida feliz, senão, só servirá para pagar contas, como se o ser humano só tivesse isso na vida.

Digo isso porque um trabalho é importante, mas creio que não justifica estar nele por dinheiro ao mesmo tempo em que se sacrifica totalmente uma relação sendo que há pelo menos um mínimo de flexibilidade para que os dois tenham momentos juntos, como você relatou com relação ao fato de poderem conciliar as férias.

Não há como pedir para provar que ele te ama. Quando estamos em uma relação onde chega a um ponto em que há a necessidade de provar uma coisa ou outra, é porque algo está errado. Quando falamos de amor, penso que não há o que se provar porque se vive isso na pele, no corpo, no coração, na mente, dispensando qualquer tipo de comprovação.

Se há somente uma crise ou não eu não sei, porque depende do quanto ambos estão realmente dispostos a investir nessa relação. Realmente foi triste a perda do seu filho, mas talvez isso possa lhe dizer algo sobre como andava seu relacionamento e que rumo é preciso dar a ele.

Seu marido foi infeliz ao ficar zangado pela sua gravidez porque afinal de contas filho não se faz sozinho e prevenção é tarefa de ambos e nunca de uma pessoa só, não fique preocupada com isso e nem achando que é tarefa sua, porque transar ou fazer amor é muito bom e temos que lembrar que é algo feito a dois e por que a tarefa de previnir não pode ser também?

Que você tenha um momento de reflexão ao ponto de saber como caminhar daqui para frente, mas tome uma decisão por você, pela sua felicidade e se ele escolher trilhar esse caminho, um encontro acontecerá, mas comece por você e o convoque a pensar no que quer.

Até mais!!

Márcio Oliveira
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Psicólogo, consultor de relacionamentos e quase Mestre pela USP-SP. Meio NERD, completo romântico, mas não abre mão de um intenso beijo na boca e um alinhamento entre coração, corpo e mente.

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