Homem complicado

Olá, primeiramente queria parabenizar pelo site, realmente é muito bom. A minha história não é muito diferente de algumas que li. Sou comprometida e há algum tempo me envolvi com um homem casado. Na época meu relacionamento estava em crise e este homem começou a me chamar a atenção, primeiramente pela beleza e charme. Vou denominá-lo R..

R. neste tempo passou a fazer parte da minha rotina e eu o via todos os dias, com um tempo, os aproximamos para conversar. Isso não acontecia com muita freqüência e na maioria das vezes haviam outras pessoas juntas. Eu o achava lindo, (sentia uma atração muito forte por ele), aliás, não era só eu. Ô homem cobiçado! Mas eu não falava com ninguém sobre o meu interesse.

R. é uma pessoa engraçada e brincalhona mas ele é muito franco, ele não fala as coisas só pra te agradar, mas também não é sem educação. Com o passar do tempo, notei que ele me olhava de forma diferente e ele sempre fazia elogios quando conversávamos. Era tudo o que eu precisava para me apaixonar… (Mas é lógico, sempre fui muito discreta e isso eu guardei só para mim e uma amiga, se transparecia, não sei)

Com mais ou menos 10 meses nessa, em uma conversa com ele eu fui mais direta nas minhas intenções e ele mais do que depressa quis marcar um encontro. Aceitei o convite e nos encontramos. Neste primeiro encontro, não rolou sexo, estava muito insegura, e aquilo tudo era novidade para mim, eu nunca nem tinha me imaginado numa situação dessas.

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Ele estava muito empolgadinho e esperava por algo mais, percebi sua decepção em seus comentários e coloquei para ele minha situação, não queria ser dramática, só queria que ele me entendesse (mas eu acho que eu o traumatizei). Fiquei meio frustrada, pois o imaginei mais carinhoso e atencioso. No outro dia ele me ligou como quem nada queria perguntando o que eu ia fazer… e inventei uma desculpa para não encontrá-lo.

Depois deste dia fiquei uma semana sem vê-lo porque ele tinha viajado a passeio. Achei que ele iria me procurar, mas não foi isso que aconteceu e então o procurei e ele me deu o maior fora, dizendo que o que aconteceu não podia ter acontecido e que ele pensou demais no que eu tinha dito a ele e percebeu que eu não era “qualquer uma” e que se continuasse eu iria me machucar e ele não desejava isto para mim (ele deixou clara sua posição de “cafajeste consciente”)

Nosso primeiro encontro não foi só tragédia, não atendeu nem às minhas expectativas e nem às dele, mas estava MUITO BOM e isso foi para os dois. Nossa, fiquei doida, passei a mandar mensagens algumas daquele tipo “para pessoas especiais”, algumas ele correspondia, mas a maioria não. Como não estava vendo efeito, pois ele apesar de me olhar “daquele jeito” não propunha outro encontro mandei uma mensagem mega erótica para ele e fazendo um convite, na hora veio um sim.

Naquele dia, arrumei o cabelo, passei aquela maquiagem, coloquei aquele salto e uma roupa mais… (não, não estava parecendo uma perua, estava muito elegante) Queria ver qual era sua reação, pois se ele admirava minha beleza mesmo quando não estava produzida imagina se me visse toda arrumada. Você já viu quando um homem até abre a boca e fica olhando a mulher, foi isso que ele fez. Depois me comeu com os olhos, foi muito bom me sentir desejada. No segundo encontro eu já estava mais consciente da situação e tudo rolou as mil maravilhas, foi só aquela coisa de pele, aquele clima quente mesmo sem demonstrações de carinho de nenhum lado. Depois de tudo conversamos e começou a perguntar coisas de minha vida, porque eu estava fazendo aquilo e outros assuntos que apareciam. Não creio que ele tivesse medo de me magoar temendo alguma atitude minha, pois a mulher dele, com todo respeito da palavra é uma “corna mansa”.

Depois deste encontro combinamos que não iríamos mais nos encontrar, pois nas convenções dele isso não podia acontecer. Fiquei na minha, mas ele me deixava muito confusa, porque ao mesmo tempo que falava que não podia (porque querer ele queria) ele se aproximava mais, às vezes me surpreendia com algumas coisas que ele sabia ao meu respeito, um dia presenciou um homem me dando uma cantada e eu não fui deselegante, depois disso passou e me cumprimentou sério.

Sabe aquelas matérias de linguagem corporal, (ele está afim de você?) pois é, ele tinha muitas atitudes que revelavam interesse por mim.No terceiro encontro que aconteceu sem ninguém marcar nada, quase 2 meses depois, eu fui nas nuvens de tão bom que estava e aquele homem estava mais carinhoso e me dizendo que eu estava deixando ele doido. Mas depois, me dispensou de novo, que aquilo não podia acontecer.

Eu estava loucamente apaixonada por este homem e sofria demais pela impossibilidade de ficar com ele. Que destino triste, se o milagre de ele largar da mulher acontecesse depois de um tempo a chifruda seria eu. Não sei o que estava acontecendo, mas eu era coerente no que falava e fazia, mas ele, há eu te quero, há eu não posso.

Depois de uns 3 meses do terceiro encontro recebi uma mensagem dele me pedindo desculpa. Desculpa de quê? Eu decidi que não o procuraria mais e terminei o meu namoro, queria outro caminho.
Nesse tempo não deixei de conversar com ele, e R. algumas vezes insinuava um encontro. Mas eu estava cansada de levar fora, o que rolou umas quatro vezes foram uns beijos roubados e passamos a nos falar mais.

Ele estava mais atencioso do que nunca, e como já disse me surpreendia com coisas que sabia a meu respeito. Me olhava de uma forma carinhosa, em algumas situações senti até que ele queria me deixar enciumada. Foram várias situações, mas a mais recente foi dele num bolinho de meninas dando risadas na maior altura e olhando pra mim pra ver se eu estava vendo. Teve uma vez que senti tanta antipatia que sai de perto, com pouco ele se afastou das meninas e ficou com outros colegas.

Uma vez também eu estava conversando com ele e uma colega dele ligou várias vezes para ele. Ele rejeitava as ligações e fazia questão de eu ver que ela estava ligando. Depois me disse que ela estava doida para ficar com ele, mas que ele não queria (a menina é uma periguete fofoqueira, e ela dá de cima mesmo, e faz parte do bolinho das meninas que citei acima). Eu fiquei calada, ia falar o quê?
Depois eu falei, ah mas também se você fizer isso amanhã a cidade inteira tá sabendo. Ele me falou que não era por isso e que solteira eu também estava e que ele queria muito ficar comigo. E em um comentário que eu fiz de eu ser apenas mais uma ele me pediu para não falar do que eu não sei, e que estava fazendo um julgamento muito errado. Sabe o que aconteceu depois disso?
Depois de 2 meses mandei uma mensagem querendo ficar com ele e ele disse que ia pensar. Não me chame de burra, mas ele dava muitos sinais de um homem interessado. Depois de MAIS DE UM ANO, sem conversar com ele, só vendo de passagem (a única vez que eu conversei foi para pedir para ele entregar um cd de uma amiga minha para um amigo dele, e sabe o que ele fez, ficou com o cd guardado porque não ouviu eu falar isso para ele, mas também ficou só me olhando com uma cara de bocó afirmando com a cabeça) ele me ligou querendo ficar comigo, fiz um pouco de hora com a cara dele mas depois aceitei e olha foi maravilhoso.
Eu estava muito nervosa e ao comentar ele me disse que também estava nervoso. Eu lá paradinha esperando ele “atacar” e nada, ele ficou me olhando até eu ficar sem graça e começar a beijá-lo. Foi uma transa tão gostosa, tão tranqüila, ele me acariciava o corpo inteiro, fixava nos meus olhos e fazia elogios, e o tempo todo me chamava de maravilhosa.
Os abraços, nossa, que delícia sabe, ele não parava de me abraçar, beijar e me acariciar, até o seu modo de falar era diferente, o tom da voz, e insistia em saber o que eu vi de tão especial nele, nossa um Zé Ninguém né, puxava minha língua para poder mimá-lo. Ele veio com o papo de que como as coisas são estranhas, mas também não falava o por que. Eu estava tão costumada com o jeito dele que assim que a transa acabou eu fui abotoando o soutien e ir embora, quando de repente ele segurou a minha mão e me perguntou o que eu estava fazendo, que não era pra mim ficar e foi me beijando. Eu levei um susto e ficamos ali, pelados conversando. Quando se passou muito tempo, muito além do que para ele considerado perigo eu falei que ia embora e ele ficou insistindo muito para eu ficar, mas eu não podia.
Depois disso ele me mandou uma mensagem toda cheia de elogios e eu respondi, mas depois deste dia, eu não o encontrei mais, sai de onde trabalho que era aonde o via e é assim, sempre que nos vimos é aquele clima diferente. Penso muito nele, mas não sofro mais e em hipótese nenhuma o procuro, até evito vê-lo, foi bom enquanto durou e não feriu ninguém além de mim (que cassei né?)

Agora a pergunta:
Se ele fosse mulher e eu como mulher diria que ele se apaixonou. E você como homem, o que tem a me falar deste homem complicado?


Olá J,
Em primeiro lugar obrigado pelos elogios e por nos ter enviado um email. Bom, em tempos de crise, temos uma tendência a perceber outras coisas ao nosso redor, digo coisas como sentimentos, olhares, detalhes e pessoas. Nosso olhar parece que capta algo com um “q” que nos pode ser a mais.

Para quem já está em um relacionamento, viver uma “aventura” extra conjugal é sempre um convite ao inesperado que pode ser bom ou ruim. O fato é que a fantasia, o novo, o possível “gostoso” é algo tentador e nos lança à fazermos coisas que não medimos as consequencias.

Nesse sentido a impulsividade tem até que um papel importante em nossas vidas, ela nos lança à algo que se pensarmos poderíamos nos barrar pela questão moral. O que não significa que temos que seguir qualquer coisa que sentimos para qualquer lado que vivemos. Devemos sim ter um certo senso crítico e avaliar o que realmente determinada situação possa nos trazer de benéfico e que possa também proporcionar o bem ao outro.

Agora vejamos você. Em um primeiro momento talvez fragilizada ou desiludida com uma relação que não dava certo. Do outro lado, um alguém interessante que possivelmente poderia proporcionar bons momentos, mas compromissado. Até que ponto? Pelo que você relatou no primeiro encontro parece que da parte dele, o sexo seria o atrativo porque os olhares já se entrelaçavam e faltavam apenas os dois corpos. E sem contar que foi demonstrado mesmo que ele estava no papel de “cafajeste consciente”.

Pronto, a situação está bem colocada e definida. Ele no papel de apenas querer a questão da pele e você conivente com isso fazendo o jogo porque afinal de contas atendia aos seus interesses. Não creio que a companheira dele deva ser chamada de “corna mansa”. Não vejo o porquê desse tipo de ofensa, mesmo porque não acrescenta em nada na vida de ninguém. Talvez ele esteja fazendo mal e não sendo honesto com ele mesmo ao permitir-se esse tipo de relacionamento extra. Mas atenção, não o estou julgando, mas apenas demonstrando que é importante observarmos que nada acontece sem que a escolha de cada um seja feita e no caso dele, se está enganando alguém, é apenas a ele mesmo. Tanto que demonstra confusão não sabendo ao certo o que querer com você. E cá entre nós, uma pessoa indecisa em uma relação é como água morna que não contribui muito para algo importante.

Ele pode te olhar ser atencioso, fazer charme e isso até que pode ser interessante no jogo da sedução, mas e ai? Vai ou não? Quer ou não quer? Dar sinais de interesse não é garantia de concretização desse interesse entende? Penso nessas questões porque a vida passa, e rápido demais. Mas se tudo isso, do jeito que está lhe deixa confortável e a ele também por que não? Mas você demonstra que não esta contente com isso, então alguém tem que agir não é?

E mesmo depois de tudo, ele não lhe procurou. Talvez justamente tenha sido o que Vinicius de Moraes comenta em sua música. Sobre a “arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida”. E que realmente, como você disse, durou o tempo que deveria durar.

Eu, como homem, diria que ele até tinha interesse em você, mas não apostou, não quis arriscar porque talvez ele se prendia a outras coisas (boas ou ruins não vem ao caso), mas coisas que o impediram de viver algo mais, não direi que seria um homem complicado, mas que faltou definição. Escolher é importante até para quem está com a gente saber o que queremos, mas até a indecisão é uma escolha e essa foi escolha dele.

Até mais!
Márcio Oliveira
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Psicólogo, consultor de relacionamentos e quase Mestre pela USP-SP. Meio NERD, completo romântico, mas não abre mão de um intenso beijo na boca e um alinhamento entre coração, corpo e mente.

2 comentários No Homem complicado

  • Elisangela

    caraca, conheço alguém assim e esse roteiro final da resposta me ajudou a entendê-lo, a indecisão dele que decidiu o fim do que ele não sabia o que queria. nossa que complicação em!

  • Ah que relação complicada… Uma pena que não tenha dado certo…

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