Marjorie sempre se orgulhara de ser uma boa menina, na escola tirava sempre as melhores notas, fazia os melhores trabalhos, era elogiada pelos professores e cresceu assim ouvindo as pessoas dizerem como ela era boa.
Na adolescência fora uma boa mocinha, namorava em casa, com a permissão dos seus pais e mantinha seu relacionamento numa distancia segura, obedecia aos conselhos de sua mãe e amadureceu ouvindo as pessoas comentarem como era uma boa moça.
Na fase adulta Marjorie continuava fazendo tudo da melhor forma possível, desejava e ia ser uma boa mulher e fora assim que permaneceu por vários anos, trabalhou, estudou, lutou, perdeu, ganhou, sofreu, foi feliz e infeliz, mas sempre fazendo a coisa certa, sempre procurando não decepcionar ninguém, mas porque então sentia falta de algo em sua vida, porque então ser reconhecida como boa a afligia tanto.
Marjorie pensou nesse sentimento ambíguo que se apoderava dela agora, esse sentimento bom e ruim, e que ela não sabia muito bem ainda como lidar.
De que adiantava pensava Marjorie ser vista por todos de forma tão linear e mesmo assim ainda se sentir tão só, que adiantava a ausência de pecados a serem perdoados se no fundo queria pecar.
Para ela era novo esse sentimento de liberdade, jamais se sentira assim tão feliz e por outro lado tão angustiada. Abraçava-se com Deus quando estava distante de Enrique, mas se ele estivesse por perto era o cheiro dele que queria sentir, era seus beijos que queria saborear, era seu corpo que queria possuir. E de novo essas sensações invadiam o pensamento de Marjorie e de novo não sabia o que fazer. Não podia viver sem os dois, simplesmente não conseguiria mais ser o que sempre foi… Boa.

Sara Mel
04/02/2012
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