Dias de chuva, dias de céu cinza, trovões cortavam o céu da cidade e Marjorie se sentia protegida agora, ela não entendia como mudara tanto, não compreendia onde fora parar aquelas sensações, aquelas emoções, aquele turbilhão de sentimentos que a dominara por tanto tempo. Estar assim suave, estar assim segura, estar assim dona de si mesma era novo para ela e um processo que ela teve que passar sozinha.
Sim, ela ainda se lembrava de Enrique às vezes, seria hipocrisia dizer e pensar que algo tão forte tivesse desaparecido como mágica da sua vida. A verdade era que Marjorie já não vivia mais a vida que Enrique dava como migalhas a ela. Não, ele não era o único culpado, ela aceitara por anos as migalhas que ganhava e achava ser suficiente, mas não era e agora ela sabia.
O processo agora era demorado, mas Marjorie o estava passando de forma tranquila e alegre. Aceitara o termino de tudo porque sabia ser o melhor, sabia ser o certo e necessário para continuar vivendo com a outra metade que restara e felizmente essa metade estava lúcida, forte e determinada a continuar vivendo. Renascer como a fênix e adquirir novas cores, cores quentes e firmes.
A primeira coisa que passara por sua cabeça era a questão de: O que fazer si o coração não fosse mais capaz de amar a alguém tanto como amou a Enrique.
Marjorie não queria ficar buscando em outros homens, outros beijos, outros abraços, ela não deseja substituir Enrique por outro igual a ele, ela precisava que fosse novo. Um novo homem, um novo modo de viver, um novo amor para ser feliz.
Porém, o processo teria que ser respeitado, ela teria que respeitar o tempo do seu coração, o tempo que ele necessitava para esquecer o cheiro, o gosto, a voz, o olhar, o sorriso que por vezes o fizera palpitar apenas com a presença de Enrique. Longo processo esse, pensou Marjorie ao respirar profundo e uma lágrima descer dos seus olhos.
Uma única lágrima era a prova que seu coração já estava reagindo, já não se derramava mais num choro constante, em soluços incontroláveis e que em breve seria capaz de amar de novo.
Sara Mel
19/01/2013
1 comentários No Marjorie em “O processo”
O novo e bom é sempre bem vindo!