Marjorie sabia que essas lágrimas descompassadas que escorriam por sua face teriam que ser as últimas que derramaria, era tempo de escolher o que seria a partir de agora, teria que tomar uma decisão definitiva, o bem e o mal cobravam isso, a razão e o coração também e dessa vez teria que ser definitivo.
Ela conhecia muito bem seus sentimentos, todos muito fortes, mas que não poderiam nesse momento caminharem juntos, difícil para qualquer pessoa compreendê-los, mas não era difícil para ela, naquele dia ela escutou a voz dos dois e um falou ao seu coração muito mais forte que o outro, um estava muito mais seguro e Marjorie chorou porque não poderia viver sem a proteção, o amor, o cuidado de quem a manteve viva todos esses anos enquanto o outro a tinha abandonado.
Um era água cristalina, iluminava toda a terra em que pisava, era bondoso, complacente, necessário. Ela o encontrava sempre que precisava, em qualquer lugar que estava Ele a acompanhava com seu olhar de Pai cuidadoso e gentil, protegia seu caminho e cuidava para que ela não chorasse, mas hoje Ele insistiu que não poderia estar mais ao seu lado se ela não o escolhesse e Marjorie compreendeu que não era um pedido era uma decisão que somente ela poderia tomar.
O outro era ventania forte, era catástrofe anunciada de sua própria vida, nele Marjorie não encontrava segurança, o pecado o rodeava e ele lutava com sombras que ela não precisava conhecer. Suas promessas eram em vão, mentiras contadas diariamente a todos que o escutavam. Pobre coitado nem desconfiava que a destruição estivesse próxima se não a reconhecesse e Marjorie não desejava ser destruída, não desejava deixar de ser tudo que se tornara. O amor também estava ali enraizado, mas suas raízes eram fracas e encharcadas de lágrimas, encharcadas de desejos proibidos e de pecados constantes e repetidos. Pecados justificados que perdiam para o Amor verdadeiro que Marjorie conhecera enquanto esse a abandonava, enquanto esse caminhava pelas noites e buscava morrer pensando que teria outra oportunidade de se refazer. Mais uma mentira.
Marjorie os amava…
E agora poderia ter apenas um. Decisão difícil para quem pensa que apesar do Amor primeiro ser suficiente também é solitário, o Amor primeiro não pode ser sentido fisicamente, é espiritual e te enche de vida, é pleno e confiante, te carrega quanto necessita e acalenta seu espírito quando aflita está. O amor primeiro te acompanha em sua jornada, segura suas mãos e nada cobra. É Pai amoroso e te afasta da morte, Marjorie o conhecia bem, estava ao seu lado por tanto tempo e realmente não sabia como viver sem sua companhia.
O outro a entorpecia tonteava suas emoções e confundia sua razão. Alimentava seu coração com idéias absurdas de felicidade, convidava Marjorie ao pecado, tentava convencê-la que o amor que sentiam jamais seria castigado, mas não era isso que ela sentia, não era um amor assim que queria. Marjorie desejava um amor livre, claro e inteiro. E por simplesmente pensar que não poderia mais deixar de acreditar em tudo que sempre foi é que ela matou um pedaço dela mesma consciente de que mais uma vez renasceria.
Marjorie decidiu ouvir a voz do Amor primeiro, pois sabia que se ao lado Dele estivesse poderia receber ao seu tempo o amor verdadeiro modificado, acalmado e inteiro, se isso realmente um dia acontecesse o abraçaria como se o tempo tivesse parado justo quando surgira, apagaria os pecados por ele cometidos. Reiniciaria essa história protegida por Seu Amor Primeiro.
E decidida matou a mulher que não conhecia e restaurou a que precisava continuar vivendo.
Sara Mel
03/03/2012
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