Marjorie nem conseguia acreditar que fora capaz de desligar aquele telefone, o simples ato de afastá-lo de si e colocá-lo longe dos seus ouvidos era para ela algo inimaginável há tempos atrás. Mas, esse simples ato não poderia estar isolado, precisava também silenciar seu coração.
Ela simplesmente não queria mais se comportar como sempre fez, ainda havia tempo de mudar, tempo de sonhar, tempo de desejar objetivar sua vida. E resolveu fazer isso. Resolveu também silenciar a sua voz.
Silenciou-se com Enrique, silenciou-se com sua família, silenciou-se com seus amigos, silenciou-se consigo mesma. A ponto de esquecer seus problemas.
Afastou-se de tudo e de todos por um longo tempo, afastou de todas as atividades que tinha, afastou-se da vida que insistira por tanto tempo viver.
E em todo esse tempo praticou a fé.
Ficou ali por vários meses…
Uma casinha distante de tudo, distante da luz das cidades que ofuscava sua alma, distante das íntimas teclas do seu notebook, distante das vozes familiares que tanto a aconselhou, distante de Enrique.
Desligou seu celular, afastou-se de tudo que aprendeu a depender por tantos anos, e praticou o silencio verbal.
Porém, seu cérebro falava com ela todo o tempo, cobrava dela aquela ação tão rotineira, ele a provocava com ideias novas, projetava nela novas falas, e quanto mais seus lábios permaneciam imóveis, mais e mais sua mente a afogava com imagens de tempos vividos, insistindo com ela que voltasse.
Marjorie estava decidida a silenciar, um silêncio quase punitivo, quase mortal, quase enlouquecedor.
Não queria mais ser encontrada, não queria mais ser questionada, estava farta de críticas, estava farta de suspeitas, estava farta de falsas esperanças.
Marjorie estava morta.
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2 comentários No Marjorie em “tempo de silenciar”
Obrigada Suzana, xero pra você amiga!
Superação foi o que me remeteu essa atitude da Marjorie…muito bem escrito Sara….suas historias são realmente fascinantes e empolgante.
Parabéns!