Atendendo ao pedido da leitora do mês de maio Bruna (desculpa a demora Bruna, tivemos um equívoco aqui ;)), segue o texto sugerido para um artigo.
“Por que têm homens que ficam cegos de ciúmes isso é amor ou possessividade apenas?”
Homens, mulheres, crianças, animais. Não pense que o ciúme é uma exclusividade dos humanos e que eles tem isso como um desequilíbrio mental.
Essa coisa de ciúme é antiga, dramática e em alguns casos digna de tragédias gregas. Otelo, o general mouro de Veneza, era prisioneiro da cor de sua pele. Por seus dotes militares, era tolerado, mas não aceito pelos venezianos, que nutriam com relação a ele sentimentos racistas. Por saber disso Otelo sentia-se inseguro e tentou dissimular sua insegurança comportando-se de modo grosseiro e impulsivo, a ponto de intimidar sua própria mulher, Desdêmona.
A fantasia que se montou em sua mente acabou sendo tão intensa que beirou o real, aliás, partiu para o real. Ele acreditava cegamente que sua mulher Desdêmona estava tendo um caso com Cassio, tanto que o final dessa história terminou no assassinato dela pelo próprio marido. Otelo, embuído em ciúmes, cavou e cravou sua autodestruição.
No entanto, existem casais que, mesmo com esse elemento “trash” no relacionamento, insistem em tentar sobreviver a isso, como se relacionamento fosse um episódio da série “A prova de tudo”. Ciúme é bom? Ruim? Muitos dizem que se trata do tempero do amor, mas cabe lembrar que até o tempero tem a sua medida e o problema começa quando se perde a mão, pois na verdade se perde muito mais que isso.
Ciúme é isso, desconfiança, sentimentos ambivalentes e embora possa ser sentido por muita gente, só cada indivíduo sabe bem o que esse sentimento provoca em si. Uma pessoa com um histórico de relacionamentos onde a falta de lealdade foi o que sempre imperou, ou ela poderá pensar em uma relação de modo banalizado (onde não há um compromisso sério), ter sérios problemas relacionados ao ciúme ou ter passado tudo isso com ganhos em maturidade que a faça superar tudo e buscar uma felicidade saudável. E isso ainda é apenas um exemplo de como esse sentimento pode (ou não) se manifestar.
O ciúme é também entendido como uma tentativa de “proteger” a si mesmo e tentar eliminar os riscos de “perder” o ser amado frente à uma ameaça real ou imaginária. No entanto, isso gera atitudes absolutamente egoístas, tensas e sem congruência lógica, aliadas a um sentimento de possessividade onde o parceiro(a) só poderá fazer aquilo que o outro ditar e quando o imaginário entra nessa história, alguns elementos podem não ter limites, como a fantasia de coisas que não existem.
As crianças manifestam o ciúme com choro, pirraça e até atos agressivos contra aquilo que pode ser ameaçador. Ficam doentes, fingem ficar doentes, demonstram fobias e até se colocam em uma condição de fragilidade para terem mais atenção, como deixar de comer por exemplo.
Outra situação que envolve ciúme é com os cachorros, alguns claro, mas eles têm esse instinto de sobrevivência muito forte e com isso tendem a “protegerem” o dono de uma possível ameaça porque afinal de contas eles são leais. Latem, pulam e rosnam. (tem até homem e mulher que fazem isso, e até mordem, rs)
O ciúme não tem hora e nem momento para começar, está muito ligado à nossa subjetividade e ao contexto em que estamos vivenciando em determinado momento. Catherine Millet, por exemplo, é fundadora e diretora da Art Press, uma das mais influentes revistas de arte francesas, é autora de vários livros sobre arte contemporânea e especialista na obra do pintor espanhol Salvador Dalí e do artista plástico Yves Klein. Com uma vida bem sucedida dessa poderíamos pensar que se trata de uma mulher absolutamente segura de si e bem resolvida, porém não foi bem isso que veio à tona em sua história.
Ela ficou famosa mundialmente por escrever o livro “A Vida Sexual de Catherine M.” em 2001. A autora deixou cair a máscara de respeitada crítica de arte ao expor publicamente os detalhes de sua movimentada vida sexual, descrevendo de forma explícita suas relações sexuais que envolviam desconhecidos, grupos de até 150 pessoas e os mais variados cenários, entre clubes, beiras de estradas, praças públicas ou casas de amigos. E ela fazia isso tudo tendo um marido com quem tem um relacionamento aberto.
No contraponto, em 2009 escreveu “O Outro Lado de Catherine M.” onde descreve como sofreu com várias e intensas crises de ciúme ao saber(o que não era novidade) que o seu parceiro tinha casos (não da mesma maneira que ela) com outras mulheres, e ela comenta ainda que isso à levou, durante bons anos, a fazer análise.
O ciúme é retratado em uma enorme diversidade cultural. Cinema, literatura, música, televisão. É algo que acompanha muita gente nos relacionamentos, em alguns de forma até “saudável” digamos assim, em outros de forma destrutiva, maléfica, de braços dados com a vingança, fantasia e impulsividade. O fato é que ciúme não é amor, mas amor pode ter pitadas de ciúme. Aquele descontraído, que brinca, tem bom humor, chama pra ficar perto, mas sem grude, demonstra querer o outro feliz sem agredi-lo, sem achar que vestir aquela saia curta e uma blusa que valorize o decote irá levar a pessoa amada para longe, ou que alguém irá “roubá-la”.
As pessoas vão embora da vida de outras por “n” motivos. Às vezes porque não deu certo, o momento de ambos é outro, outras vezes porque não há amor mesmo, outras porque durou o tempo que devia durar, ou então haviam motivos suficientes para saberem que separados seriam mais felizes do que juntos, ou porque houve desrespeito, ofensa e isso gerou mágoa e desilusão. Isso tudo não está na roupa curta, no perfume novo, no cabelo bem cuidado, na graciosidade do andar, nas mãos delicadas, na fala bem humorada e inteligente, na maneira de ser ou nas formas do corpo.
O maior temor está dentro de nós. Deixar-se dominar pelo ciúme exagerado e agressivo é entregar-se aos seus próprios medos e inseguranças, é cegar-se porque quando isso acontece não vemos quem está na nossa frente, mas sim a representação de alguma situação que nos incomoda, nos reporta à algo que não está bem dentro da gente.
É claro que tem gente que adora fazer “joguinhos” envolvendo o ciúme apenas para chamar atenção ou para deixar o parceiro(a) com a “pulga atrás da orelha”. Um possível objetivo seria de sentir alegria em ver o outro desnorteado (sadismo mesmo) ou porque pretende-se que ele dê mais valor ao relacionamento, pois outras pessoas podem querer o que ele não cuida direito. Se esse método é o melhor ou não isso eu não sei e não me cabe julgar, mas sei que muitos relacionamentos acabam porque não conseguem sustentar-se em uma relação à três: um de um lado, um do outro e o ciúme no meio.
Não poderia deixar de colocar uma trilha sonora para esse artigo. Um bom domingo à todas(os)
Até mais!!
Márcio Oliveira
[email protected]
Meu Blog: As Palavras
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23 comentários No Mas eu me mordo de ciúmes!!!
Peraeeeeee…
olha a besteira que eu escrevi…corrigindo ###pelamor
epois que passei 12 anos com ”” ser””” extremamente
…..cuimentOOOO..possessivOOOO…olhei pra mim e pensei CHATOOOOO!!!!
Sabe Reysi… vou confessar tmb..era um pouco ciumenta sabe.. com meus pais ..amigos…com namorados menos ..sempre levei de boa.. com aquela dorzinha de cotovelo..
depois que passei 12 anos com ”” ser””” extremamente cuimenta..possessiva…intransigente..nossa..olhei pra mim e pensei..que CHATA!!!!
isso porque SEMPRE fui tranquila.. mas ser humano eh assim mesmo..
Eh Thaily lá se foi o post com o tema.. 🙁
Agora sim,li o post todo!
Primeiramente,parabéns,muito bem escrito!
e pra deixar claro, o jogo na parede,foi apenas uma brincadeirinha, rs, sabe como é né, essa temática de ciúmes, eu quis dar uma apimentada,,,kkkkkkkkkk
Eu confesso que era uma pessoa extremamente ciumenta, tinha ciúmes até da mamãe com meus irmãos,mas a medida que fui ficando mais velha,fui amadurecendo.
Não digo que sou uma pessoa totalmente sangue frio,mas já não me incomoda se meu namorado tem amigas bem próximas, de sair sozinho pra balada com os amigos, essa insegurança já passou.
É Bruna acho que o post não vai ser mais sobre correntes invisíveis… rsrsrs
“No meio fio da calçada” (?) kkkkk…
“imagina quando estiver centrifugando… (máquina de lavar)” Márcio, Márcio… não conhecia esse seu lado… digamos… ‘perdigueiro’… rsrs 😛
..continuando a lista…
.. dentro do mar a noite… na areia… na barraca( eu disse na barraca e nao barraca armada kkk…se bem que tem que armar mesmo…derde mesmo…kkkkk)
no chuveiro…na cadeira….no meio fio da calçada…ATE na cama vai….kkkkk
Marcio era pra ser um post das correntes invisíveis.. neh 😛
olha só Sara.. trocando os temas..
A.R.R.A.S.O.U !!!
Tinha que começar esse comentário assim… rsrs…
Márcio… que texto maravilhoso! Tão familiar… afinal, todo mundo já sentiu ciúmes ou foi alvo dele.
Pra mim, ciúmes é medo disfarçado em amor. Temos medo só de imaginar que possa existir outro(a) na vida do ser amado. Mas claro, cada um demonstra isso de uma forma neh… rs…
Depende muito tb da relação que vc tem com o outro… da segurança que ele(a) te passa… Relações que tem a confiança como base, dificilmente tem espaço pra esse tipo de sentimento…
Mas claro que em certas ocasiões, o ciúmes é bom e se torna aperitivo… depende de vc usá-lo de forma saudável 😉
bjos pra galera do CM (já sou fã!) e um especial pra ti amadinho……
rssr……Então tá né Reysi….rs….”vamo que vamo que o som não pode parar”…
Poxa..vou fazer um post disso…
complementando….. banheiro de shopping, casa vazia para alugar ou vender, escada de prédio, em cima do capo do carro..em algum cantinho em alguma festa de aniversário ou casamento (adrenalina hein, rs)…..
Na Maquina de lavar ligada hein…boa…rsrs…imagina quando estiver centrifugando… 😉
Na sacada com aquele ventinho suave batendo (em dia calor claro) rs….uhh
Boas sugestões.
então Márcio, jogo na parede e ainda chamo de lagartixa, hhahaha.
Bruna, eu nem consegui ler ainda esse post inteiro, ta um caos minha vida essa semana. mas continuando a listinha
estacionamento da faculdade, cinema, na pracinha, no meio da floresta, escritório, academia…e por ai vai
Uhauhauahuha
Ar livre, elevador, praia….hehehe
Ouvi uma agora que não acreditei…ushuaushua…em cima da máquina de lavar ligada!!!!
…na sacada..na cozinha…na mesa.. …no carro…
Cade a Reyse pra continuar??/heheheh
Na parede…na sala, no sofá, ….
hehehhe
O lokoooo…. a mulherada ta colocando na parede hein!!! =O
Viu só Sara… estão fugindo mesmo..
E vc Marcio, seu doninho einh..
deixa ele comigo Sara.. 😛
Olha só Bruna … nenhum deles ainda levantou o dedinhuuuu pra dizer: “Eu faço meninas!” hehehehehe
Nem tú Marcio 😉
Gente, preciso admitir:
“Mas eu me mordo de ciúmes”!
Sou uma louca inciumada, sério mesmo. Não, relaxem, eu não dou vexame, mas por dentro eu sangro. Não consigo controlar.
Mas isso é um pouquinho de insegurança, medo bobo de perder… Coisas que tenho que trabalhar ainda, minha psicóloga vai ter trabalho! rsrsrs!
Amei toda a esplanação do post! Ótimo!
Ciúmes…são alguns tipos
– aquele de quem aprontou ou apronta tanto que tem medo até de sua própria sombra.
– aquele na medida certa que como as meninas falaram apimenta a relação
-aquele doentio que como diz meu pai, tem um nome: “tragédia anunciada”
Olha Só Sara… era isso mesmo… ”Correntes Invisíveis”” te aprisionam ..te limitam… te privam e vc quase nao se da conta ..quando vê ja era..
ADOREI..qual autor se habilita pra um post com este tema?
bjus!
Sensacional o texto Márcio, que perfeito em cada detalhe. Adorei!
Eu já tive muito ciúme e sofria demais, agora estou mais madura e tempo e as situações me ensinaram tanta coisa, ainda tenho mas bem tranquilo! Bjo!
Oh Bruna gostei do termos “correntes invisiveis” acho que esse tema até merece um post …vamos ver qual o autor do CM aceita esse desafio hehehehehe
beijuss da sara 😉
Oba!!! .. que texto Marcio ! Valeu a pena esperar mesmo,Parabéns, eu adorei!
Olha só tudo que vc descreve de forma extremamente clara e bem explicada, um texto ótimo bom de ler ..Rico em informações …É o que de verdade ronda em torno do ciúmes. Eu acho tmb que na medida certa faz a bem. levanta eu EGO..mas quando em altas doses( como eu experimentei por anos.. do meu ex marido)..esse ciúmes exacerbado…sem medida ele virá um jogo perigoso onde os dois pedem ..um por ser doente..e enlouquecido..outro por sofrer as consequencias disto.. perseguição..viver ””SOB”” sempre.. eh porque vc acaba que vive em tentar nao irritar o outro… e como fazer isso? Deixar de usar um vestido que vc ame..usar menos maquiagem.. deixar um acessório de lado…deixar os amigos..enfim..virar prisioneira deste sentimento ”’do outro”’ que te pesa os ombros..te priva..Eu chamava isto de ”Correntes Invisíveis”’..complicado neh..Na verdade vc se torna um joguete na mão do outro..como vc fosse um doce..um brinquedo…uma ”’coisa” na verdade..assim que eu me sentia as vezes..como se eu fosse a pior das mulheres..capaz de traição todo dia (uhhhhh como se eu tivesse com essa bola toda kkkk)
Olha claro que eu tenho ciúmes..mas levo pro lado gostoso da coisa.. um temperinho..
um como vc disse Marcio.. ”vem aki meu nego”…sabe com doses homeopaticas.. hehe..Graças a Deus me sinto tão leve ..hj .!!! Liberta disto…
Agradeço a matéria mesmo.. vc como sempre pega no ponto exato…Adorei..
Não esqueça que os xeros..os carinhos.. sao mais interessantes que um ciume doentio assim. ;P
Sarinha!!! Obrigada..rs.então como te disse nao tenha pressa neh pelo menos sabemos onde se escondia..hehe.. que o Meu livro já já estará em minhas mãos..hummmm !!! ehehhe ADORO!!
bjus a todos!
Boa noite, eu adorei o post mas vim parabenizar pela iniciativa de falar do cerébro masculino, pois na verdade existe a frase mulheres quem as entende, mas acho q deveria ser homens quem os entende, portanto, assim nos ajudam a desvendar o enigma do pensamento do homem rsrrs… um beijo
Ficou excelente o post! Extremamente completo. Um dos melhores do blog.
Pois é Marcio os presentes da Bruna estão todos atrasados hehehe porque até o livro ficou passeando pelos correios e vou ter que mandar de novo, ainda bem que nossa leitora é um amor e compreendeu tudo e até me ajudou a descobrir onde o tal livro estava 😉
Olha só…valeu a pena esperar pelo artigo…ficou ótimo, ciumes na medida certa até que é bonitinhuuu …mas quando a pessoa fica agressiva ao ponto de ofender a outra pessoa com palavras ou até fisicamente ai é doença e o melhor é se afastar enquanto podemos.
beijuss da sara 😉 e ótimo domingo para todos 🙂
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