Falar sobre o feminino é resgatar um pouco da história sobre a posição da mulher na sociedade de algumas décadas para cá. Desde o começo dos movimentos pela independência da mulher eles tiveram como mecanismo de expressão, muita briga, suor e lágrimas. Com isso, coube à mulher ir literalmente à luta, sair de casa e desbravar o mundo.
Foi como levantar uma bandeira, um grito de independência absoluta que beira certo exagero feminista às vezes, por um lado há a afirmação plena de que mulher nenhuma, no mundo, precisa depender de algum homem, uma vez que ela é dona do próprio nariz, corpo, pernas, vagina, prazer e tudo que está relacionado ao seu universo. Criou-se todo um conhecimento sobre o que é ser mulher e saber disso foi tomado como suficiente para viver em sociedade porque dessa maneira a mulher estaria protegida dos absurdos que muitos homens grotescos poderiam cometer.
É claro que todo esse contexto elucidou uma revolta e fez com que muitas mulheres acreditassem e pregassem que uma boa parcela da população masculina não vale a pena e com isso não há esperança de encontrar algo que possibilite um relacionamento além do regado ao prazer do corpo de maneira prática e descartável.
Mas mesmo observando tudo isso, cabem algumas perguntas que considero relevantes: Quem é a mulher e quem é o homem de quem estamos falando? Quais são os seus respectivos papeis? Alias, existem papeis pré definidos?
Creio que muitas vezes o erro é esse, essa tentativa definição que a sociedade exige que se tenha para saber quem é homem e quem é mulher, como se é homem e como se é mulher no convívio humano.
Podemos pensar em dois contrapontos a respeito disso: 1) houve corrida das mulheres por sua total independência. 2) Perda de identidade dos homens por não saberem e nem entenderem quem é a mulher que está ao seu lado.
Entendo que esse movimento “feminista” não é algo ruim porque trouxe muitas conquistas de espaço e respeito para as mulheres, mas por outro lado, essas conquistas tiveram como contexto inicial uma “compra de briga” para que a mulher ocupasse o lugar do homem. O pensamento constituiu-se assim: “tenho que crescer para mostrar para o homem que posso ser melhor que ele e que o lugar dele pode ser meu.”
Entendo que ao invés de simplesmente buscar algo para realização própria a mulher precisou literalmente brigar, no sentido de impor-se porque só sendo uma ameaça ao homem é que ele perceberia que a mulher teria direito a um espaço e a muito mais.
Então, ao invés dos papeis irem se remodelando, ou seja, a mulher conquistando um novo lugar e o homem também pela conseqüência da reflexão do seu próprio papel ficaram os dois brigando para ocupar o mesmo lugar no espaço, e se bem me lembro das aulas de fisica do colegial, isso não é possível.
Só que se há essa tal briga, ela acaba sendo eterna porque o EGO exige que cada um seja melhor, tenha razão sobre o que o outro pensa e age, e com isso exclui qualquer possibilidade de se criar algo em conjunto que seja bom e que gere somas ao invés de divisões ou subtrações.
Existem homens idiotas? CCLAAARROOO que sim, e um monte deles estão soltos por ai, assim como tem mulheres que não valem à pena, mas isso não justifica simplesmente restringir o ser humano a cuidar do próprio nariz e sozinho, usando o outro da maneira como quiser banalizando os relacionamentos.
Uma das coisas que veio com essa questão da independência feminina é a liberdade sexual. Escolher com quem se vai para a cama é um progresso e se de repente a mulher se cuida, se previne e achou um cara gato, atraente no primeiro encontro, por que não permitir-se a viver algo bom, como uma boa transa por exemplo ? Homens fazem isso e por que as mulheres não poderiam fazer? E isso é a idéia de consciência mais importante, a de que podemos escolher e de maneira igualitária.
Aliado a esse conceito, temos que entender também que não necessariamente estar com alguém seria sinônimo de disputa ou uso da pessoa para o próprio prazer. É importante perceber que existem situações onde nos colocamos e nos convocam a vivê-las sem compromisso algum, assim como podem existir situações em que há de se apostar em algo para ser constituído e construído junto, independentemente do tempo que isso levará e durará.
Mas percebo que tanto as mulheres quanto os homens demonstram estarem um pouco perdidos, sem saber como lidar com sua própria intimidade, acabam petrificando conceitos na tentativa de lidar melhor com isso. Ao mesmo tempo em que se fecham para novas experiências, e ai o tempo passa, as pessoas vão fomentando tristezas e angústias dentro de si e o ser humano acaba ficando cada vez mais sozinho.
Resumidamente, a partir da década de 80, pode-se observar uma ascensão da mulher em vários setores na sociedade, como se ocorresse um recrutamento para se tornarem super mulheres. Se antes cuidavam da casa e serviam ao marido, iniciou-se um processo de independência, onde o papel masculino foi totalmente descartado para dar lugar a um papel da mulher que faz, desfaz, arruma, organiza, trabalha, limpa, dirige, investe, conquista e ainda por cima tinha que ser linda, magra, em cima do salto e ainda ter orgasmo. Com tantas coisas para desempenhar onde fica o “sujeito” mulher nessa história toda? O padrão de beleza e imagem da mulher foi algo que contribuiu para sobrecarregá-la de funções e a criar cada vez mais uma “obsessão” pela imagem.
Houve uma perda do conceito de cuidar-se, que implica em demonstrar um amor que vai além da imagem. É reconhecer-se como humano, como sujeito, é buscar o equilíbrio entre o cuidado com o corpo e com a mente.
É importante pensarmos que homens e mulheres não têm que estar de lados opostos, e relacionamento não é disputa de papéis ou de lugares. Temos sim que criar possibilidades para que haja o encontro de idéias, sonhos e respeito pelos direitos de cada um.
Até mais!!
Márcio Oliveira
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Meu Blog: As Palavras
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2 comentários No Mulheres, direito e feminilidade
Muito bom!
Marcio….muito bom esse seu texto…as vezes cansa sabe!
Ter que disputar em tudo com todos, mas eu não abriria mão disso em certos aspectos pois hoje podemos dizer não ou sim, podemos sair livremente sozinhas e podemos escolher ficar ou não, casar ou não, separar ou não, coisas que há algúm tempo (li o e-mail hehehe) não podiamos nem pensar em fazer.
Porém, algumas mulheres esqueceram a sua essencia feminina, e se tornaram muito duras, agressivas no falar, ao exigir às coisas e acaba que chegamos a perder o cuidado que o homem dispensava a nós, pois muitos nos tratam como se fossemos homens. Detesto!
beijuss da sara 🙂