Ola, Dr. Neurônio.

Escrevi a você recentemente, e como já comentei, achei suas conclusões, sobre o caso, perfeitas.

Hoje não vou falar de uma história frustrante ou que não tenha dado certa. Mas sim de várias. Estou com quase 37 anos e namoro desde os 18. O primeiro namoro, que durou 8 meses, me traz boas lembranças. Ele era muito legal, honesto, responsável e gostava muito de mim. Mas eu era muito nova e não quis levar adiante.

O segundo durou 6 anos. Eu comecei com 19 anos. Depois de um mês juntos, ele me contou que era casado. Eu, apaixonada, não consegui terminar. Isso se prolongou por 4 anos. Acho que devo dispensar os comentários do sofrimento durante este tempo. Resumindo, foi ela quem acabou querendo a separação (mas já sabia da história muito antes) quando tínhamos uns 5 anos de namoro. Só que depois disso, descobri uma traição dele com uma outra moça e terminei tudo.

O terceiro, comecei com 29 anos. Este durou 4 anos. Ele era muito honesto, me respeitava, era o tipo protetor, mas não me atraia fisicamente. Tentei por um tempo, mas teve uma hora que não aguentei, pois outros homens me chamavam a atenção, já que eu não era feliz com o que tinha.

O quarto durou 3 anos. Este sim me agradava fisicamente. Era comunicativo, inteligente, muito sociável. Isso me atraía muito. Era o tipo galanteador. Com o tempo descobri que era muito mentiroso. Se achava o “sabe tudo” e por isso havia se tornado arrogante. E outra coisa, seu comportamento com outras mulheres era um desrespeito para comigo. Parecia que sempre estava passando uma cantada nelas (hoje tenho certeza de que estava mesmo). E, além disso tudo,ele não me procurava na cama. Tinha sempre uma desculpa pronta: dor de cabeça, cansaço, brigas, etc. Ainda assim, fiquei com ele por 3 anos.

O quinto, foi o caso q te falei: o cara que conheci no chat. Muito carinhoso, inteligente, agradável, sincero, bons princípios. Separado a três meses de um casamento de 14 anos. Nossa história durou um mês apenas, pois, como já mencionei, ele disse q não teríamos algo mais sério e logo ele encerrou nossa historia de uma vez. Aliás, hoje, nos falamos pelo msn. Mas uma conversa formal, educada e nada mais.

Sou fiel, honesta, me preocupo com as necessidades da outra pessoa, procuro ser compreensiva, não sou o tipo de mulheres que fazem os homens gastar (sou bem ponderada nisso). Tenho boa aparência, me cuido, vou à academia, cuido da minha alimentação. Leio sempre, fiz faculdade, cuido da minha vida espiritual, tenho muitos amigos, adoro sair e bater papo.

Vou falar de algumas reclamações deles. Não sei se procede, mas… o segundo, dizia q eu batia muito de frente com ele. Que tenho personalidade forte e que às vezes parecia mais de homem do que de uma mulher. O quarto dizia também que eu batia muito de frente. Só que quando eu resolvi mudar e ser apaziguadora, ele começou a se sobrepor. Ou seja, me tornei submissa, onde só a vontade dele prevalecia. O último não chegou a fazer crítica (já que foi muito pouco tempo). Mas fez um comentário (sendo um elogio, segundo ele), dizendo que eu tinha um pensamento muito lógico e racional. Que a minha forma de raciocínio se assemelhava mais a dos homens do que das mulheres.

Sabe, na minha auto-avaliação, penso que sou muito submissa. Tenho um medo muito grande de perder a pessoa que está comigo. Ao mesmo tempo em que discuto e brigo pelos meus direitos, eu recuo quando sinto que vou perder a pessoa. Também acho que muitas vezes, deixo de lado minhas prioridades. Por outro lado, falam que na vida a dois, tem que compartilhar, ser compreensiva, agradar, fazer o outro feliz, por isso não entendo.

Pelo que escrevi, onde você acha que mais tenho errado e o que posso fazer pra mudar? Tenho a impressão (vejo amigas minhas) que aquelas que não tratam muito bem seus parceiros, gritam com eles, são egoístas na maior parte do tempo, são as que se mantém casadas e têm os maridos apaixonados.

Pra ser bem sincera, penso seriamente em desistir e não ter mais nenhum relacionamento amoroso. Não porque seja isso o que gostaria. Mas por estar desacreditando nos relacionamentos.

Muito obrigada

Bjs
Anelise

Olá Anelise,

Obrigado pelos elogios e por ter confiado novamente em minha opinião.

Veja, o seu caso é bem simples de se analisar, porém exige um esforço seu para que minhas palavras façam efeito. Acreditar, compreender e agir é o segredo.

Bem, o que está bem explícito é que você não sabe a hora de por fim no relacionamento. E confesso que isso é bem complicado para pessoas com o teu perfil.  “Desistir” de um relacionamento é triste e algo que as pessoas com esse perfil tentam adiar ao máximo. Não querem desistir, pois não acham que pessoas são dispensáveis, certo?

No entanto, deve-se ter em mente que mais relacionamentos acabam do que dão certo. Quantas pessoas você conhece que casaram com o primeiro namorado? Ou sequer conhece alguma? Aí se pode pensar que esses são os sortudos por terem acertado de primeira. Porém, tem também suas desvantagens. Vamos pensar comigo.

Com cada relacionamento que temos, adquirimos experiência de vida. Se apenas nos relacionamos com uma, tudo que sabemos veio desta. Então, uma pessoa com um só relacionamento é inexperiente e demora muito mais para crescer emocionalmente. Claro que evita as dores de fins de namoros, mas tem desvantagens também.

Bem, continuando com o assunto de não saber a hora de por um fim. Você ficou quatro anos com um homem casado, o que é bem claro que não tem futuro. Depois ficou mais 4 anos com alguém que não te atraía fisicamente. E ainda fala que tentou “um tempo”, mas não agüentou. Veja, 4 anos não é um tempo para tentar. Quatro anos é muito mais que a maioria esmagadora dos namoros. Posso contar nos dedos as pessoas que conheço que tiveram namoros que duraram tudo isso e não casaram. Ou seja, se você vê que algo não está bom, ou não vai ter futuro, encerre e deixe a porta aberta para a pessoa certa aparecer. Não espere anos e anos para tomar uma decisão. Tome rapidamente. Se o relacionamento for longo, um mês é suficiente para tomar essa decisão, e se for um namoro curto, duas ou 3 semanas já bastam.

Agora falarei sobre os comentários que você bate muito de frente. Você disse que discute e briga pelos teus direitos. Isso não é bater de frente, é exigir os direitos de uma namorada. E está mais do que correta em agir assim. Os namorados 2 e 4 são extremamente machistas (dá para perceber) e querem mulheres submissas, que aceitam tudo.

Só uma comentário a parte: sempre quando um membro do casal que é exigente, rígido, discute muito e resolve ser mais compreensivo e tolerante, a outra parte SEMPRE começa a se sobrepor, a agir como o primeiro agia anteriormente. E isso acontece sempre, com homens e mulheres. Quando isso acontece, é o momento de voltar a se impor, pois está submissa demais.  Mas isso é um tema para um artigo inteiro.

Quando estamos em um relacionamento, deve-se sim, ser compreensivo, agradar o outro, fazê-lo feliz, etc. Mas sem perder sua personalidade. Quando perceber que está aceitando coisas que considera inaceitáveis, está na hora de analisar se ainda é a mesma. Ou se já se perdeu.

E a maior coisa que acho que você tem de errado é a vontade de desistir. Nunca demos desistir de algo que queremos, por mais difícil que possa parecer.  Eu, que tenho um blog para dar conselhos sobre relacionamentos já tive mais de uma dezena de namoradas. Você quer desistir tendo apenas cinco? Mude seu pensamento agora. Comece a ser mais positiva, acreditar que já tem a pessoa certa, pensar nisso e sentir-se bem com isso. Todos os dias, por alguns minutos. Quando menos esperar, estará feliz ao lado de alguém que te satisfaz de todas as maneiras.

Obs: Ah, você fala que parece que as mulheres que tratam mal seus maridos são as que se mantém casadas e têm os maridos apaixonados. Parece isso, né? Mas qual a primeira reclamação que um marido que tem amante faz sobre a esposa? Que ela o trata bem? Acho que não. Ou seja, aparentemente é isso que acontece, mas sabe por que aceitam isso? Porque tem amantes que os tratam bem e os fazem felizes, então a esposa não faz mais diferença.

Um beijo,

Doutor Neurônio

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