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Coloco um pedaço de chocolate na boca e beberico um pouco de licor, algumas uvas para tirar o forte gosto doce da boca, sentada na sacada do apartamento com vista para milhares e milhares de edifícios com janelas iluminadas após um longo exaustivo dia de trabalho.
Hoje meu dia começou cedo, com uma cólica infernal pelas 4 da manhã, logo o prenúncio de que mais uma TPM foi embora. Passou. Acalmou.
Menos tensa, mas não menos aflita. A vida de ponta cabeça, muita mudança, descobertas, alegrias e tanta incerteza, mas tanta… que a cabeca chega a doer com o peso pesado da incerteza.
Passando por tudo isso mas completamente atenta com todo o rumo que eu traçei em um caderninho. Foi assim que eu fiz:
Ganhei um caderno vermelho a mais ou menos três meses atrás que na verdade nem sei porque eu quis ganhar o bendito caderninho, já que tenho milhões de blocos de anotação, cadernos, agendas, tudo para não esquecer dos afazeres.
Lembro-me que ele chamou atenção só porque tinha um símbolo da Ferrari. Pensei em dar de presente, sei lá, só sei que peguei.
O coitado do caderninho ficou lá dias e dias a fio dentro do carro tomando sol, até que um dia triste, um tanto demasiado de mau humor dentro do peito, parei o carro na garagem do meu prédio, desliguei o motor, abri uma fresta do vidro e busquei o tal caderninho abandonado e uma caneta jogada no chão do carro.
Aquele dia, talvez tenha sido um dos dias mais importantes na minha vida.
Comecei a escrever no cardeninho, tudo que eu odiava em mim, as pessoas que me faziam mal, as atitudes das pessoas que me machucavam tanto, escrevi escrevi umas 5 páginas. Chorando igual uma pamonha, comecei a ler tudo o que tinha escrito e comecei a me dar conta o quão grande eram alguns problemas.
Eu necessitava me desprender daquilo tudo. Vi ali também, algumas lamentações que na minha cabeça pareciam monstros e que no papel lendo, me fazia sentir uma ridícula por se preocupar por tão pouco.
Em contra partida, comecei a escrever no outro lado do caderno as coisas boas, coisas que me faziam sentir mulher, feliz, amada. Coisas que eu fazia e que me deixavam em paz, pessoas e atitudes que me traziam volta a vida.
Para meu pavor, ao reler as coisas boas, eu somente escrevi coisas que me fizeram bem no passado e coisas que eu esperava que fossem me fazer bem no futuro. Projetando coisas e atitudes no amanhã e recordações de um passado que passou e acabou.
Fiquei desolada, por uns três dias, lia , relia, repensava, questionava se realmente era assim ou assado. E principalmente, o que eu estava fazendo da minha vida, aliás, com a minha vida.
Comecei a partir daí, pensar em mim. Mesmo. De verdade. Sem Clichês ou pensamentos futuros.
Celulite incomodando? Fui pra estética e voltei a andar de Patins.
Sofrendo com o amor?Dei um tempo.
Trabalho sem entusiasmo? Mudei de área.
Saudades de amigos e família? Larguei tudo e fui visitá-los.
Doando muito e recebendo de menos? Comecei a ser mais egoísta.
E por aí foi…. foi foi foi foi tanto, que agora eu nem lembro mais direito o que estava me fazendo mal.
Ainda olho o caderno, as vezes leio pra relembrar o que não admito ter de volta e o que eu não abro mão de ter.
Além disso, consulto todos os telefones de estética, planos para o presente, músicas que quero gravar quando chegar em casa e por aí vai…
Um caderninho que está sendo escrito um novo capítulo da minha vida.
Pra ser feliz, a gente tem que batalhar, buscar, correr atrás. Ser feliz não é um resultado e sim uma escolha. Você jamais será feliz, até que você escolha ser. Nada cai do céu, nem a felicidade. As oportunidades acontecem, mas precisam ser aproveitadas.
Eu aproveitei um simples brinde, e fiz dele meu Projeto Ferrari!
Karen F.