Nesta data, 08 de março, é comemorado o dia internacional da mulher. É comum que elas ganhem parabéns, rosas e presentes como homenagem e celebração de uma ocasião que perdeu todo o sentido social, político e econômico que tinha, inicialmente, para ganhar, exclusivamente, um cunho festivo e comercial. O resultado disso é que, na maioria das vezes, os homens não sabem por que as congratulam, nem as mulheres por que são lembradas.
Daí, então, surgem muitas piadinhas, tipo:
“Existe um dia especial para as mulheres porque todos os outros são dos homens.”
Apesar de parecer absurdo, muitas mulheres, pela falta de conhecimento do que representa esse dia, chegam ao cúmulo de pensar:
“Será que é verdade?”
Uma coisa que a maioria das pessoas desconhece é que, também, existe um dia internacional do homem que é comemorado em 19 de novembro. Portanto, mesmo que não se tenha noção do que o dia de hoje representa, é fácil de saber que está data é utilizada, também, como lembrança e homenagem e não como prêmio de consolação.
É sempre bom agraciar e rememorar as pessoas. Principalmente, aquelas que, durante muito tempo foram consideradas uma “subclasse”, e, com muita luta, alcançaram mudanças sociais consideráveis de cunho sexual, político, cultural e econômico.
Sei, que, mesmo com as transformações ocorridas nas últimas décadas, em relação a gênero, as mulheres, ainda, sofrem uma maior discriminação, quando comparada aos homens, na maioria dos países do mundo. Principalmente, nos países considerados em desenvolvimento e subdesenvolvidos. Contudo, se quisermos ser pessoas capazes de respeitar o semelhante e ser respeitado como indivíduo, independentemente, de gênero, raça, opção sexual, religiosa ou condição econômica, devemos começar a ter pensamentos dirigidos nesse sentido… É necessário dar um passo a frente e abandonarmos, aos poucos, essa ideia de excesso de proteção e compensação que permeia nossa mente e as instituições.
É claro que, a primeiro momento, essa tutela exacerbada, juntamente, com a reparação vem para nivelar as desigualdades produzidas no meio social. Porém, elas não resolvem o problema:
“Continuar tendo em mente que as mulheres merecem um “tratamento especial” por serem, a grosso modo, consideradas “café com leite” dentro do nosso meio social.”
Se continuarmos com esse mesmo pensamento, não poderemos, nunca, transformar, definitivamente, a realidade, fazendo com que se estabeleça a tão almejada real igualdade social entre os gêneros. Por isso, assim como as russas que, em 1917, deixaram o comodismo do seu lar e saíram às ruas para protestar contra os desmandos do Czar e reivindicar melhores condições de vida, é necessário que nós, homens e mulheres, nos libertemos dessa “zona de conforto” medíocre, onde as mulheres precisam de excesso de proteção e compensações para conseguir exercer, com igualdade de condições, o seu papel social, quando comparada a figura masculina.
Por tudo isso, o dia de hoje, deve servir não só para homenagear os esforços e conquistas femininas das últimas décadas, mas, sobretudo, para refletir que “mulheres, realmente, fortes” não surgirão, em grande quantidade, se continuarem a ser tratadas, pelo meio social, como “coitadinhas” e “necessitadas”.
Pedro Ivo Genú
1 comentários No Reflexões Acerca do Dia Internacional da Mulher
Muito bom!