
Sentada à mesa de um bar (esse será um cenário muito comum nas minhas histórias), prestes a dar um gole no copo de cerveja, ouço uma amiga semi-bêbada deixar seu eu etílico falar mais alto e afirmar com convicção: “Mas é um tremendo canalha mesmo. Ficou comigo duas vezes e depois não quis mais!” A conversa não seguiu enquanto todas as outras amigas ali presente concordassem e discursassem por meia hora sobre o quanto o cara em questão era um filho da puta. Foi difícil, mas confesso que fiquei calada quando minha vontade era de refutar horrores cada argumento apresentado por elas. Canalha, gente? Mas por quê? Por que denominar de canalha uma pessoa que, naturalmente, ficou com você e depois acabou? Nem todo mundo sabe, mas na nossa constituição diz que temos o direito à liberdade de ir e vir — e isso não se aplica somente à locomoção, serve pra relacionamento, viu? Se o cara veio, desculpa, mas ele pode ir embora quando quiser. Vamos entender isso:
O mal do século no quesito relacionamento é a expectativa. É a ansiedade de esperar por uma próxima vez, é a esperança de encontrar no outro aquilo que você idealizou a vida inteira dentro da sua cabeça. Quando há uma quebra de reciprocidade (em outras palavras, quando você leva um toco do tamanho do tronco de uma sequoia), nasce, então, uma frustração. Frustração essa que faz você enxergar um vilão naquela pessoa que, JURO, não fez nada de mais. O problema tá concentrado exatamente na espera demasiada de correspondência, de retorno; e nós precisamos entender, de uma vez por todas, que não podemos e muito menos devemos cobrar nada de ninguém, tampouco amor. Mendicância de sentimento é o fundo do poço, gente! Acordem! Se as coisas não ocorreram exatamente como esperávamos, a culpa é dessa expectativa maldita que criamos, só dela. É fato que, se o outro quer, ele demonstra. Fala. Oferece. Deixa claro. Sendo assim, vamos ser felizes. Caso contrário, é preciso que haja maturidade pra aceitar que afeto e comprometimento não se exige. Não se pede. É algo que se conquista. Se não deu pra conquistar, paciência. Você pode ser desenrolada o suficiente pra partir pra outra ou pode, se preferir — sim, tem gente que adora sofrimento —, ficar roendo até a morte e fazer como essa amiga: se lamentar na mesa de um bar. Mas NUNCA — nunca MESMO — responsabilize o outro por não te querer de volta.
(Vos fala a pessoa que levou uma eternidade pra entender/aceitar isto, mas que hoje é grata à vida por ter ensinado depois de tantas rasteiras. Usem da inteligência que eu sei que vocês têm, lindas, e aprendam sem precisar sofrer.)
Beijos,
Mari.
11 comentários No Sobre esperar demais…
Arrasou garota!
Enquanto criarmos expectativas demais nos outros… enquanto esperarmos que o outro tenha as mesmas atitudes que nós teríamos ou quisermos vamos sofrer… #fato
Mas é assim… nada que alguns tombos e arranhões nos faça perceber isso…
nossa eu estava vivendo isso, acabei de saber que nao presciso ficar mendingando amor de ninguem, obrigadaMARI, VALEU MESMO!!!!!!!!!!
Fonte da imagem: http://www.terapiaemdia.com.br
Sentada à mesa de um bar (esse será um cenário muito comum nas minhas histórias), prestes a dar um gole no copo de cerveja, ouço uma amiga semi-bêbada deixar seu eu etílico falar mais alto e afirmar com convicção: “Mas é um tremendo canalha mesmo. Ficou comigo duas vezes e depois não quis mais!” A conversa não seguiu enquanto todas as outras amigas ali presente concordassem e discursassem por meia hora sobre o quanto o cara em questão era um filho da puta. Foi difícil, mas confesso que fiquei calada quando minha vontade era de refutar horrores cada argumento apresentado por elas. Canalha, gente? Mas por quê? Por que denominar de canalha uma pessoa que, naturalmente, ficou com você e depois acabou? Nem todo mundo sabe, mas na nossa constituição diz que temos o direito à liberdade de ir e vir — e isso não se aplica somente à locomoção, serve pra relacionamento, viu? Se o cara veio, desculpa, mas ele pode ir embora quando quiser. Vamos entender isso:
Também concordo que todo mundo tem direito de ir e vir, mas não aceito que um homem que diz que me adora, de um dia para o outro deixe de falar comigo, não atenda meus telefonemas, enfim desapareça da minha vida sem me avisar que não quer mais!
Obrigada, Ale! ♥♥
Excelente. É difícil as mulheres perceberem isso que você falou, e ainda uma jovem. Parabéns!
Só tenho uma coisa a “dizer”: #clapclapclap
🙂
Levei vários tapas até aprender, Jack! Faz parte da vida! 🙁
poxa um tapa na minha cara isso mais ok eu tava precisando =//
Estou de pleno acordo Mari.
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