Boa tarde! Conheci esse blog há pouco tempo e ele tem sido de grande valia pra mim, tem me ajudado muito. Tenho uma história de vida que considero bastante complexa para minha idade, mas vamos lá. Tive uma infância bastante complicada, meus pais brigavam muito, viviam numa eterna futura separação. Meu pai era muito repressor, egoísta e mulherengo, enquanto minha mãe era submissa e acomodada à situação. Dessa forma, acabei me criando meio que sozinha, pois meu pai não me permitia ter contato com outras crianças, com exceção da escola. Ninguém podia ir a minha casa e eu não podia ir a casa de ninguem. Assim, cresci em contato, na maior parte do tempo com adutos, o que me fazia ter muita pressa de crescer.
Com isso, comecei a pensar em relacionamentos afetivos muito cedo. Aos 14 anos conheci uma pessoa na igreja e começamos a namorar sério. Ele era 8 anos mais velhos que eu. Quando fiz 16 anos nos casamos, apesar de todos os meus familiares não concordarem e de eu saber que ele não trabalhava, não estudava e não era uma pessoa muito responsável, apesar da idade. Como já era previsto, nos separamos quando eu tinha 18 anos. A partir daí comecei a emendar um relacionamento no outro e quando fiz 19 anos conheci um professor do curso preparatório que estava fazendo. Ele era 18 anos mais velho que eu, casado, mas, mesmo assim, me envolvi com ele, e com o tempo, fomos ficando cada vez mais envolvidos e ele cada vez foi se mostrando mais ciumento e possessivo, pois no início do relacionamento eu estava um pouco confusa e acabei ficando com outras pessoas.
Depois conversamos e decidimos manter um relacionamento “quase” exclusivo, ja que ele ainda era casado. Em determinado momento, comecei a pensar que era melhor terminar o namoro, pois eu, que nunca fui mesmo de ter muitos amigos, já estava sem nenhum amigo ou amiga, totalmente isolada, e isso estava me incomodando, mas infelizmente eu não podia contar com meu pai para me ajudar com meus estudos e acabei ficando economicamente dependente dele. Depois de 4 anos de relacionamento, a esposa dele descobriu e ele acabou se separando dela e fomos morar juntos.
Hoje nós estamos morando juntos há quase três anos, ele é um bom marido, companheiro, carinhoso, mas muito possessivo e desconfiado. Eu não
agüento mais viver isolada. Hoje, trabalho, sou independente, mas não posso conversar com ninguém, ter amizades, sair sozinha com amigas, não posso fazer nada. Estou me sentindo sufocada. Ano passado tive que fazer uma viagem de 1 semana a trabalho e foi horrível. Eu não podia ir a lugar nenhum depois do trabalho, tinha que estar no hotel antes da 9 da noite, não pude ir a nenhuma confraternização, churrasco, nada. Desde então, não consigo ser a mesma pessoa.
Nas últimas semanas, tenho pensado muito em me separar, mas ainda sofro muito ao pensar nessa possibilidade. Não estou conseguindo mais conviver de forma natural com ele. Não consigo mais fingir que estou feliz. Além disso, ele é muito explosivo e já me magoou muito com palavras e atitudes. Não sei o que fazer. Quero ter paz para fazer o que eu tiver vontade. Já tentei conversar com ele, mas ele já disse que não há a menor possibilidade dele mudar. Hoje estou com 26 anos e não sei o que fazer.
Obrigada! A.C.
Olá A.C.,
Tem algo em nossa vida que não temos como pensar que não faz parte da gente, a nossa história. Assim como você, várias pessoas tiveram um percurso parecido na vida e esse percurso marcou a tal ponto, que os efeitos disso são sofridos até a vida adulta ao ponto de “repetirmos” tais coisas sofridas em nossa infância através das escolhas em uma tentativa, mesmo que inconsciente de tentarmos resolver isso que passou. Não entenda isso como uma interpretação da sua história, mesmo porque interpretar simplesmente pode ter inferências erradas, mas pense como uma possível leitura e que tudo isso que você nos conta, se estiver causando um grau de sofrimento alto é hora de criar um espaço para cuidar disso.
Diante do que você relata, me vem algumas perguntas à mente. Quem está com você é um marido ou uma figura que tem muito marcado em si as características de um “repressor e egoísta” que você conheceu muito bem desde a sua infância? Quando falamos em relacionamento, quem queremos realmente do nosso lado? E é interessante como você responde a essa repressão, você diz que não podia sair, ter amigos, não poderia ir a lugar algum, mas desde quando é uma questão de pode ou não pode? Ele está sendo de um jeito que você não gosta e você acaba aceitando isso porque fica nessa condição de submissão como uma característica presente de alguém que fez parte da sua história.
Tudo isso são coisas para se pensar, não tome como verdades, mas achei curioso como me dá impressão de ser uma história muito parecida como a que você nos contou. Além disso, você tem 26 anos e com certeza com muitas possibilidades pela frente.
Márcio Oliveira
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Meu
Blog: As Palavras
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2 comentários No Uma história
Nossa como todas as etapas da vida são importantes para o ser humano!
Eu vejo a falta de amor em todos esses relacionamentos que você viveu, mas você é muito nova ainda, e pense que tem toda a vida pela frente o que passou não pode ser remediado,mas o que esta por vir pode ser muito bem pensado e organizado, porque sentimentos e emoçôes também organizamos dentro de nós, muitas vezes quando sofremos na nossa infância levamos esse sofrimento para o longo de nossa vida, mas o sofrimento não justifica nossos erros.
Espero que você encontre um amor que te faça feliz e realizada.
bjs
A.C
As vezes nos preocupamos apenas com a violência física, essa aparece na tv, todo mundo vê, comenta e ajuda de uma forma ou de outra que a vítima saia dessa situação quando ela expõe o seu problema. Mas existe uma violência bem mais cruel, pois essa ninguém vê, só quem sente percebe e sofre, e isso as vezes dura anos, quase sempre uma vida inteira. A violência psicológica que você está passando faz tanto barulho dentro de você como a violência física traz estragos a seu corpo.
As duas são formas absurdas, e que eu custo em acreditar que ainda exista, mas o pior é que muitas mulheres passam por isso sem conseguir se livrar.
Eu espero que o amor por você mesma vença essa batalha que só você pode vencer.
beijuss 😀