Casais se desentendem, se desprezam, se abandonam; histórias lindas acabam tendo um desfecho triste para um final que deveria ser feliz; tudo por conta da falta de diálogo, que impede a possibilidade de expressarmos o que sentimos, o que pensamos, o que gostaríamos de realizar; e refiro-me não somente à vida sexual, mas aos projetos de vida, que envolvem tanta coisa… inclusive fazer o outro aprender a ouvir.
Uma vez eu vi um amor ir embora porque eu não fui sincera, em outra eu não soube engolir o orgulho para pedir perdão. Teve também uma vez que usei as palavras erradas para expressar toda minha raiva e daí estraguei tudo!! Em todas elas eu não fiz as melhores escolhas e por isso eu vi partir um grande amor…
E quantos relacionamentos não terminam por isso?
Claro que eu precisei tomar dois pés na bunda para amadurecer, e hoje, quando ouço uma queixa meu coração se encolhe, é triste ver o orgulho e o egoísmo afastando casais.
Recentemente ouvi um cliente, dono de uma farmácia, que rala de domingo a domingo, comentar com pesar da incompreensão da esposa por ele trabalhar tanto. Eu entendo o lado dela, mas hoje compreendo também o dele, porque nosso mal é que queremos que entendam só o nosso lado e nos esquecemos que toda história tem três versões: do lado da esposa, do lado do esposo, e a versão verdadeira, que só vê quem está de fora!
Me deu um nó na garganta em ver sua tristeza: aquela esposa tinha um marido de ouro! Eu sei que trabalho não é tudo, mas para nos darmos o luxo de viver bem precisamos ralar muito, e ele, para dar a vida digna que a majestosa está acostumada, precisa trabalhar de domingo a domingo… mas a falta de diálogo faz com que ele não fale aquilo que ela precisa ouvir, e por isso as pessoas trocam o dito pelo não dito para viverem em paz… Uma falsa harmonia não acham?
Minha ex-sogra foi cheia disso quando nova e tudo para manter um lar harmonioso… então se calar para evitar discussões é a decisão correta?
Eu não posso criticá-la porque não fui diferente dela no meu primeiro casamento: me calava mas dava voz aos pratos e copos que se quebravam, e usava do verbo indireto para expressar minha insatisfação…
Meias-palavras, meias-verdades, meias-fodas… e existe como viver meias-vidas enquanto não se é verdadeiro?
Nada como ficar “velho”: os anos passam e passamos a dar valor a coisas realmente importantes. Daí a gente se cala mais uma vez, mas desta vez por sabedoria, porque tem hora que o silêncio fala mais que mil palavras…
E você? É feliz na vida que leva? Escolheu a profissão certa e o companheiro ideal?
Nunca é tarde para recomeçar. Comece usando as palavras certas para você e depois, para o outro: para tal, precisamos engolir sapos, rãs, pererecas… e com o tempo percebemos que não ganhamos nada sendo orgulhosos. Aproveita o momento e se encoraje, mande seu orgulho para puta que o pariu!
Comece colocando em prática três regras básicas: não prometa nada quando estiver feliz; não responda nada quando estiver irritado; não decida nada quando estiver triste… mas trate de mudar, seja sincera (o) através do diálogo, que é a via de mão única para ser feliz.
Ser sincera (o) a essa altura do campeonato é difícil demais? Então lembre-se que “não haverá borboletas se a vida não passar por longas e silenciosas metamorfoses”(Rubem Alves).
Chegou a hora de sair do casulo e passar a conjugar o verbo de forma direta e em primeira pessoa…